quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bento XVI e o Silêncio dos Bispos




wBento XVI e o Silêncio dos Bispos
Faltando três dias para a votação do segundo turno, o acalorado debate eleitoral ganhou um interlocutor de peso: o Papa Bento XVI.
Num discurso pronunciado, nesta manhã de quinta-feira, para bispos do Nordeste – reconhecida base eleitoral do PT de Dilma Rousseff – Bento XVI condenou com clareza “os projetos políticos” que “contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto”.

Com o discurso de hoje, Bento XVI rompe, desde o mais alto grau da hierarquia católica, o patrulhamento ideológico que o PT vem impondo a bispos do Brasil através de ameaças, pressões diplomáticas, xingamentos e abusos de poder.
É conhecida a absurda apreensão, a pedido do PT, de milhares de folhetos contendo o “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras”, em que a Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul I da CNBB, exortava os católicos a não votar em políticos que defendam a descriminalização do aborto. É conhecida a denúncia do bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de que tem sido vítima de censura e perseguição por parte do PT (cf. Revista Veja). É arquiconhecida a prisão de leigos católicos que realizavam o “ato subversivo” de distribuir nas ruas o documento dos bispos de São Paulo.

O Papa convida os bispos à coragem de romper este patrulhamento e falar. Ao defender a vida das crianças no ventre das mães, os bispos não devem temer “a oposição e a impopularidade, recusando qualquer acordo e ambigüidade”.
O pronunciamento de Bento XVI ainda exorta os bispos a cumprirem “o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. E, numa clara alusão a uma das propostas do PNDH-3 do PT, se opõe à ausência “de símbolos religiosos na vida pública”.

Com seu discurso, o Papa procura evitar que o Brasil continue protagonista de um fenômeno que seria mais típico do feudalismo medieval, do que de uma suposta democracia moderna. De fato, durante a Baixa Idade Média, era comum que os posicionamentos e protestos mais decididos fossem os do Papa, enquanto os do episcopado local, mais exposto às pressões e ao poder imediato dos senhores feudais, eram como os de um cão atado à coleira. Pode até ensaiar uns latidos, mas quem passa por perto sabe que se trata de barulho inofensivo.

Ao apagar das luzes da campanha de segundo turno, o Pontífice parece preparar o terreno para que a Igreja do Brasil compreenda, sejam quais forem os resultados das eleições, que é inútil apelar para um currículo de progressos sociais e de defesas dos oprimidos do Partido dos Trabalhadores, quando seu “projeto político” está tão empenhado em eliminar os seres humanos mais fracos e indefesos no ventre das mães.

Segue abaixo o discurso do Santo Padre
Amados Irmãos no Episcopado,

«Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).

Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política» (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.

Fonte: Vaticano

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pe. Paulo: A Igreja amordaçada

Irmã Themis - De Evangélica a Católica

NASCIMENTO, JUVENTUDE, SACERDÓCIO DE UM SANTO






Karol Józef Wojtyla nasceu em Wadowice, um pequeno lugarejo ao sul da Polônia, aproximadamente a 50 quilômetros de Cracóvia, no dia 18 de Maio de 1920 e foi batizado na Igreja local de Santa Maria de Wadowice. Seu pai, Karol Wojtyla era tenente do exército austro-húngaro e sua mãe, Emília Kaczorowska, de nacionalidade Lituana, se dedicava aos afazeres do lar. Tinha um irmão chamado Edmund que formou-se em medicina e ajudava na manutenção da família, porque o soldo recebido pelo pai não era suficiente para cobrir todas as despesas domésticas.

Era uma família alegre, unida e harmoniosa, dedicada ao trabalho e a oração, cultivando em plenitude uma sadia vivência cristã. Não só no final de semana seus pais tinham o hábito de rezar e de participar da Santa Missa. Nos dias de trabalho, a noite, reunidos no lar, liam trechos da Sagrada Escritura e rezavam elevando o pensamento a DEUS, agradecendo por todos os favores e acontecimentos do dia.

Em 1929, quando Karol tinha 9 anos de idade, sofreu muito com o falecimento de sua mãe, vitimada ao dar a luz a uma menina que também morreu durante o parto. No ano de 1938, também morreu o seu irmão, vítima de escarlatina. Naquela época não existia antibióticos e a doença que promana da faringite, embora fosse cuidadosamente tratada com os medicamentos convencionais, foi mais forte e causou o óbito do jovem. Edmund como profissional da medicina, sempre demonstrou um admirável espírito fraterno, atendendo a todos, com pontualidade e eficiência, deslocando-se de um local para outro, as vezes, em condições extremamente precárias, sob intensa chuva ou sob a neve de um rigoroso inverno, a fim de levar o medicamento ou a consulta benéfica e necessária, ao paciente que sofria. É possível que estas condições desfavoráveis de trabalho tenham contribuído efetivamente para o seu problema de saúde e para a sua morte.

Karol Wojtyla sempre apreciou os esportes. Gostava de esquiar na neve e também de jogar futebol. Ocupava a posição de goleiro, e era um goleiro dos bons! Como resultado daqueles joguinhos amistosos que participava com os colegas de ginásio e com os companheiros de juventude, evoluiu para ser o guardião da equipe amadora de sua cidade, em virtude da segurança e das boas qualidades que ostentava. "Não era frangueiro".

Também tinha uma preferência toda especial pelo circo. Gostava e se divertia com os trapezistas e dava boas gargalhadas com as tramas e atrapalhadas dos palhaços. Sempre que acampava um circo nas redondezas de Wadowice, seu pai prazerosamente o levava para se divertir em cada sessão.

E talvez por esse motivo ou como consequência, o futuro Pontífice também revelou grande interesse pelo teatro e pelas artes literárias polonesas. Desde o tempo em que frequentava o colégio pensava seriamente na possibilidade de continuar os estudos de filologia e linguística, com a intenção de organizar uma equipe e fazer apresentações teatrais.

Em 1938 matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade Jagellon de Cracóvia, objetivando concretizar o seu ideal. Na sequência dos meses, um encontro com o Cardeal Sapieha que realizava uma visita pastoral a Wadowice, lhe despertou o desejo de considerar seriamente uma outra possibilidade, aquela de seguir a vocação religiosa. O seu comportamento e sua maneira pessoal de viver revelavam de modo transparente, que já estava impressa em seu coração uma vocação para a contemplação e um interesse pela oração. Nestas duas virtudes especiais de Wojtyla, o Cardeal vislumbrou uma alma para o sacerdócio, embora ainda não tivesse existido nele nenhuma manifestação direta e nem houvesse um oportuno estímulo, como aquele que agora estava acontecendo através do Cardeal.

Ao eclodir a Segunda Grande Guerra Mundial, as tropas nazistas invadiram a Polônia e se apoderaram de todos os bens, dos materiais e da cultura do país, impondo normas e padrões para o viver cotidiano. Foi uma época difícil e de muito sofrimento para o povo, que ficou amordaçado e sem ação, a mercê do poderio e da força dos nazistas, que impunham com crueldade um abominável regime de escravidão.

Em 1º de Setembro de 1939 ajudava na celebração da Santa Missa na Catedral de Wawel, quando os alemães começaram a bombardear impiedosamente a cidade.

Wojtyla presenciou ao assassinato de vários dos seus amigos e colegas, de maneira violenta e covarde. Diante desta situação Karol com um grupo de jovens organizaram uma Universidade clandestina, aonde estudou filosofia, idiomas e literatura. Foi também uma oportunidade para estreitar o seu relacionamento de amizade com a comunidade judaica, que era perseguida e dizimada pelos alemães, que prendiam todos os judeus, homens e mulheres, velhos e crianças, e enviavam para os campos de concentração e de extermínio, principalmente aquele de Auschwitz, realizando um maciço e cruel massacre de vidas humanas de forma deliberada, num impressionante e terrível holocausto. Através da organização clandestina, Karol e seus companheiros, criaram meios e potenciava uma resistência polaca contra os alemães, conseguindo esconder muita gente, preservando muitas vidas que estavam condenadas pela loucura nazista.

Antes de decidir o seu ingresso ao seminário, o jovem Karol teve que trabalhar arduamente como operário numa pedreira. Segundo relato do próprio Pontífice foi uma experiência que o ajudou a conhecer de perto o cansaço físico, assim como a simplicidade, a sensatez e o ardor religioso dos trabalhadores e dos pobres. Depois, também trabalhou como operário na fábrica de produtos químicos Solvay objetivando evitar a sua deportação para Berlim. Certo dia ao retornar da Solvay, foi atropelado por um caminhão nazista. Teve graves ferimentos no crânio e sofreu comoção cerebral. Na época, a expectativa não era encorajadora. Mas, um mês depois, saiu completamente curado do hospital.

Muito religioso e cultivando uma poderosa devoção toda especial a MÃE DE DEUS, junto com alguns colegas fundou uma Congregação Mariana em seu Colégio, onde na companhia dos mesmos e de outros que vieram, rezavam, cantavam e também participavam das Celebrações Eucarísticas.

Embora mantivesse o ardor e a força de sua esperança, Karol estava cercado por uma série de dificuldades e no meio delas, sofreu outro vigoroso golpe em 1941. Um pouco antes de completar 22 anos de idade perdeu o seu pai, que além de ser um homem admirável, era um progenitor que estimulava o ideal do filho e contribuía para a liberdade de sua pátria.

Em 1942 ingressou no Departamento de Teologia da Universidade Jagieloniana de Cracóvia e depois na Universidade Católica de Lublin. Por esse motivo, teve que viver escondido, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia. A tal ponto a perseguição alemã era terrível, que em 1944 vivia na clandestinidade no Palácio Episcopal.

É fácil imaginar a grandeza da loucura alemã que causou imensa quantidade de crimes a toda humanidade, e em particular, ao povo judeu, na Polônia e em todos os países ocupados pelos soldados nazistas. Foi um tempo de muito sofrimento e privações.

Logo após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial, Karol com a idade de 26 anos, foi ordenado sacerdote no Seminário Maior de Cracóvia, em 1º de Novembro de 1946, pelo Cardeal Arcebispo de Cracóvia, Adam Stefan Sapieha, a quem tinha grande estima e amizade. Celebrou a sua primeira Missa na Cripta de São Leonardo na Catedral de Wavel.

Com o fim do conflito militar em 1945, reuniram-se em Ialta na Ucrânia, Winston Churchill (Premier do Reino Unido), Franklin Delano Roosevelt (Presidente dos Estados Unidos da América do Norte) e Josef Stalin (Presidente Governante da Rússia, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e decidiram sobre a partilha dos países envolvidos na guerra, ocasião em que coube a União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, incorporando os territórios alemães a leste, também a Polônia, alcançando a Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, etc., metade do Vietnam, da Coréia, etc., definindo assim as áreas de influência soviética e norte-americana, no mundo.

E desse modo, independentemente da vontade do povo, a Polônia emergiu de uma sangrenta guerra como um país comunista, integrante do bloco socialista, sob o controle da antiga União Soviética.

Apesar das dificuldades e restrições impostas pelos mandatários comunistas poloneses, pouco tempo após a sua ordenação foi para a Itália, onde permaneceu de 1946 a 1948 para cursar os estudos superiores a fim de completar a sua formação teológica. Obteve a licenciatura de Teologia na Universidade Pontifícia (Angelicum) de Roma, e na sequência, voltou a Polônia e defendeu a sua tese de doutorado sobre a fé segundo São João da Cruz, se doutorando em Filosofia.

Sua primeira paróquia foi em Niegowiec, na diocese de Tarnow, ao leste de Cracóvia, uma aldeia com apenas 200 habitantes que não dispunha sequer de eletricidade, onde permaneceu cerca de sete meses, entre 1948 e 1949. A seguir, até o ano de 1951, Wojtyla foi vigário em várias paróquias na Polônia e foi com muita coragem e perseverança que pregava abertamente a liberdade do homem e o direito que cada pessoa tem ao exercício de qualquer atividade religiosa. Este procedimento causou um profundo atrito com as autoridades comunistas, que insistiam em proibir as suas homilias. O fato repercutiu em todos os setores da economia daquelas regiões, que em represália, ameaçaram entrar em greve. Esta realidade forçou um recuo imediato nas imposições dos chefes do regime, que decidiram assinar em 14 de Abril de 1950 um acordo com Karol, para colocar um fim naquele problema.

Em 1951, foi transferido como Vigário à Paróquia de Saint-Florian, a mais importante de Cracóvia, e em 1952, iniciou o seu doutorado em teologia e filosofia, quando também escreveu a sua famosa tese sobre o filósofo alemão Max Scheler.

Apesar da proibição do governo comunista polaco que não permitia nenhuma nomeação no magistério, na cultura e na Igreja, em 9 de Novembro de 1953, Karol é nomeado professor de Teologia Moral e de Ética Social na Faculdade de Teologia da Universidade Estatal (Jagieloniana) de Cracóvia. Em 1954, o regime comunista fechou a referida Faculdade de Teologia.

Em 1956, Karol Wojtyla fundou o Instituto de Teologia Moral na Universidade Católica de Lublin, onde ocupou a cátedra de Teologia e Ética. Teve a oportunidade de interagir com importantes representantes do pensamento católico polonês, especialmente com aqueles da vertente conhecida como "tomismo lublinense”.


MEMBRO DO EPISCOPADO


MEMBRO DO EPISCOPADO POLONÊS"



Em 28 de Setembro de 1958 foi consagrado por Dom Baziak, Bispo Auxiliar de Cracóvia, convertendo-se no membro mais jovem do Episcopado Polonês.

Em 1960, Karol publicou livros de poesia sob o pseudônimo Andrzej Jawien, e também escreveu assinando o mesmo nome, uma peça de teatro, “A Loja do Ourives”. Em 1979, com o objetivo de divulgar os ensinamentos cristãos para a sociedade, escreveu o livro “Amor Frutuoso e Responsável” e logo depois “Sinal de Contradição”, assinando o seu nome verdadeiro.

Em 13 de janeiro de 1962 com o falecimento de Dom Baziak, o futuro Papa agora Bispo Dom Wojtyla foi elevado à sede como titular do Episcopado de Cracóvia.

Na noite do dia 13 de Agosto de 1961 as autoridades comunistas construíram o Muro de Berlim, para bloquear o êxito contínuo de alemães orientais, que fugiam em busca de liberdade. Moscou chamou à ordem os países satélites e, mesmo na Polônia católica, foi retomada a campanha ateísta. Karol e as autoridades religiosas de um modo geral sofreram uma abominável e impiedosa perseguição.

No período de 11 de Outubro de 1962 a oito de Dezembro de 1965, participou ativamente do Concílio Vaticano II, como Bispo e depois como Arcebispo, especialmente nas comissões responsáveis para elaborar a Constituição Dogmática sobre a Igreja “Lúmen Gentium”, a Constituição Pastoral da Igreja no Mundo Moderno “Gaudium et Spes” e a redação de diversos documentos, entre eles, a Declaração sobre a Liberdade Religiosa “Dignitatis Humanae”. Durante estes anos, combinava de modo admirável a produção teológica com um intenso trabalho apostólico, especialmente com os jovens, com quem partilhava momentos de reflexão e de oração. Karol Wojtyla também se evidenciava buscando enaltecer o ser humano, instituindo e estimulando a integração dos leigos nas tarefas pastorais, a promoção do apostolado juvenil e vocacional, a construção de templos apesar da forte oposição do regime comunista, a promoção humana e a formação religiosa dos operários, com incentivo ao pensamento e as publicações católicas.

Wojtyla de um modo geral mantinha-se sério e silencioso, reservando espaço aos seus pensamentos e orações. Também era muito meticuloso no preparo das homilias, que escrevia primeiro em polonês e depois fazia a correção com muita atenção, até encontrar as melhores palavras, antes de passá-la para o italiano ou outro idioma. No livro “UMA VIDA COM KAROL” , o Cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi o seu secretário particular por mais de 30 anos, escreveu: “Conheci as suas notáveis intuições pastorais, seus projetos eclesiásticos, e, sobretudo, sua profunda espiritualidade, começando pelo modo como celebrava a Santa Missa. Jamais iniciou uma Celebração que não fosse precedida por um longo silêncio. Preparava-se interiormente da melhor maneira e, ao terminar, sempre fazia um agradecimento de 15 minutos, ajoelhado e com grande recolhimento”.

Em 13 de Janeiro de 1964 é escolhido pelo Papa Paulo VI para Arcebispo de Cracóvia.

Karol, como Arcebispo de Cracóvia, estava sempre junto de Wyszynski, em todas as celebrações do Milênio, aniversário de batismo da Polônia e da fundação do Estado Nacional Polonês. Mantinha-se sempre num segundo plano mostrando um sinal eloquente de profundo respeito ao Cardeal Wyszynski que era o Primaz da Polônia, atestando também com este gesto, que entre eles não havia nenhuma discórdia e muito menos qualquer divisão, que o serviço secreto comunista procurava inventar e espalhar, para difamar e criticar as autoridades religiosas.

No dia 29 de Maio de 1967, aos 47 anos de idade, o Arcebispo Wojtyla foi criadoCardeal pelo Papa Paulo VI. Também, nesta mesma data ele decidiu não participar do sínodo convocado pelo Papa, como forma de protesto contra as autoridades polonesas que negaram a conceder o passaporte ao Cardeal Wyszynski, a fim de não permitir que ele participasse do mesmo evento.
Em 1974, o novo Cardeal Wojtyla ordenou 43 novos sacerdotes, que foi a ordenação sacerdotal mais numerosa ocorrida na Polônia, desde que terminou a Segunda Guerra Mundial.

De 30 de Setembro a 6 de Novembro de 1971, teve intervenção destacada no segundo sínodo consagrado ao sacerdócio ministerial e à justiça no mundo. Abordando com discernimento e sabedoria o melindroso assunto relacionado ao celibato dos sacerdotes, oportunidade em que se mostrou inflexível e hostil perante os modernistas holandeses que queriam e insistiam na eliminação do celibato. Wojtyla, ao contrário, defendeu veementemente a “co-naturalidade entre o celibato e o sacerdócio”, determinando sobre a necessidade dos padres não se casarem.



Em 1974, no terceiro sínodo consagrado à evangelização, interveio de forma crítica e transparente em relação à teologia da libertação, lembrando que o marxismo não deixa nenhuma alternativa de existência para a Igreja. Karol rejeitou a teologia da libertação afirmando: “Onde existe o comunismo ateu não há campo para a religião”.

Em 1976, o Papa Paulo VI o escolheu para pregar a Quaresma no Vaticano.

Em 1978 morreu o Papa Paulo VI e é eleito o novo Papa, Cardeal Albino Luciani de 65 anos que escolheu o nome de João Paulo I.
Logo nos primeiros dias, foi denominado o "Papa do Sorriso", por sua simpatia pessoal e seu aspecto sempre amável e paternal. Entretanto, faleceu aos 33 dias após a sua nomeação.



Em 16 de outubro de 1978, em novo Conclave, o Cardeal polonês Karol Wojtyla é eleito como o sucessor de São Pedro, quebrando a tradição de mais de 400 anos que sempre escolhia um Papa de origem italiana. No dia 17 de Outubro concelebrou a primeira Santa Missa na Capela Sistina, no Vaticano, e no dia 22 de outubro de 1978, foi investido como Sumo Pontífice e assumiu o nome de João Paulo II. Desde o principio, colocou-se ao lado da paz e da concórdia internacional, realizando intervenções frequentes em defesa dos direitos humanos e das nações.

Foi um Papa que teve ação decisiva no século XX: as suas viagens ultrapassaram em número e extensão as de todos os Papas antecessores juntos, reunindo sempre multidões para ouvir as suas mensagens e homilias; para muitos o Papa Wojtyla tinha o mesmo carisma do Papa João XXIII (sabia cativar as pessoas com o seu modo simples e sincero, dava o exemplo de fidelidade e era íntegro e direto na defesa dos bons costumes, na divulgação da Verdade Cristã, da Lei Divina e na determinação insistente de preservação da família, que é um testemunho do Amor de Deus). Participou em dezenas de eventos ecumênicos (foi o primeiro a pregar numa Igreja Luterana e numa Mesquita Muçulmana, e o primeiro a visitar o Muro das Lamentações (costume judaico) em Jerusalém; e também, realizou numerosas beatificações e canonizações, além de ter escrito muitas encíclicas e diversos documentos pontifícios.

BISPO DE ROMA"





Wojtyla descobriu Roma ainda jovem, logo depois de ser ordenado sacerdote. O seu Arcebispo o mandou para lá a fim de completar os estudos. E ele, não levou muito tempo para conhecer a cidade, compreender o espírito do povo, respirar aquela dimensão de universalidade, para também amá-la e fazê-la parte de seu próprio ser. Por isso, quando foi elevado ao trono pontifício, ele não era um estranho no ninho, porque já se sentia plenamente romano. Não um ditador ou chefe de Estado, mas o “Bispo de Roma”.

Logo no primeiro encontro com o Conselho Episcopal, anunciou que pretendia visitar as “suas” Paróquias. E assim aconteceu, no dia 3 de Dezembro de 1978, apenas 48 dias após a sua eleição, foi a San Francesco Saverio, no Bairro Garbatella, perto da região administrativa Eur.

Era a mesma Paróquia aonde ele ia todos os domingos no tempo de estudante. Um microônibus passava nos institutos eclesiásticos (ele se hospedava no Colégio belga) para transportar sacerdotes e seminaristas não italianos. Entre as 8 e 9 horas da manhã os deixava nas diversas Paróquias, onde ajudavam no ministério pastoral. Depois voltava para apanhá-los após as 12 horas. Padre Karol ia justamente à Igreja de San Francesco Saverio, onde, ainda falando com dificuldades o italiano, ouvia as confissões dos fiéis.

Foi exatamente por esta Paróquia de sua Diocese, que o Bispo de Roma quis começar a sua visita pastoral. Quando começou a Santa Missa não existia nenhum espaço disponível dentro da Igreja, e do lado de fora, ainda havia uma multidão esperando uma oportunidade para entrar, ou simplesmente, para ver o Papa de longe.

Após a homilia, João Paulo II convidou todos os casais a se darem às mãos e a renovarem ali, diante do Bispo de Roma, as promessas que trocaram mutuamente no dia do casamento. Muitos se surpreenderam com aquela agradável novidade! Mas na realidade, desde que era Bispo em Cracóvia, sempre que visitava uma Paróquia, repetia aquela cerimônia com os casais, objetivando através da alegria da confissão pública tornar os casais mais participativos, mais abertos ao diálogo e mais fervorosos com DEUS.

E procedendo assim, o Papa visitou todas as Paróquias da Diocese, conhecendo melhor a cidade e principalmente o povo, as suas dificuldades, os seus problemas, as suas aspirações, e assim, potencializou meios para ajudar de alguma forma, o povo de DEUS. Viajava pelo mundo nas peregrinações para divulgar a doutrina, corrigir distorções, ajustar e homogeneizar formas e maneiras para eliminar os problemas, socorrendo e auxiliando a todos que buscavam a sua ajuda, mas quando voltava para casa, retomava o caminho para visitar as Paróquias.

Cada visita era precedida de um almoço na quarta-feira no Vaticano, com o Pároco, os Vice-Párocos, acompanhados pelo Cardeal Vigário e pelo Bispo Auxiliar do setor, oportunidade em que eles lhe entregavam um relatório minucioso sobre a Paróquia, realçando as características pastorais adotadas, as dificuldades encontradas e naturalmente sobre a participação dos fieis. O Santo Padre fazia perguntas e se informava atenciosamente para ter uma descrição detalhada daquela porção do povo de DEUS.

No domingo seguinte o Papa fazia a sua visita pastoral a Paróquia. Além de celebrar a Santa Missa, conversava com as famílias, com os jovens, com as crianças e também procurava pelos estudantes universitários. Queria conversar com todos eles.

Foram mais de 300 visitas pastorais!

Em outro domingo foi a Paróquia de San Paolo della Croce e então, descobriu o que em Roma o povo chamava de “serpentone” (grande serpente). Uma construção com quase um quilômetro de comprimento, com milhares de pessoas amontoadas vivendo em pequenas e desconfortáveis divisões, sem nenhum serviço social! Ao redor havia tanta atividade de delinquência e drogas que dava medo, que assustava até a policia, que não gostava de passar por ali.

O Santo Padre ficou perturbado! “Como podiam viver daquele modo”? Todavia, a multidão ao vê-lo, correu, aglomerou-se para saudá-lo. Ele sorriu, acenou e concedeu-lhes a bênção papal. Entretanto, em todas as oportunidades que surgiram em contato com as autoridades italianas ele insistiu, ora pedindo e outras vezes argumentando, para ajudar e melhorar as condições de vida daquele povo.

Roma tornou-se uma cidade secularizada. Era necessário urgentemente refazer o espírito cristão da sociedade. Mas para que isso fosse possível, antes de tudo, era preciso encontrar novos caminhos, novas direções, novos instrumentos para motivar o povo. O Papa convocou um Sínodo para efetivar o ensinamento das decisões do Concílio nos vários âmbitos pastorais. Criou a “Missão do cidadão”, para fazer com que os fiéis saíssem do anonimato e a Igreja retomasse o seu ímpeto missionário. E aconteceram coisas admiráveis, observando-se o empenho religioso e espiritual caminharem lado a lado, com um dedicado interesse pelas questões civis, para solucioná-las ou ao menos, para amenizá-las. Eram os casos de viciados em drogas, doentes mentais, problemas com a AIDS, famílias desajustadas, e até onde existia o caos moral e espiritual.

A visita ao Campidoglio (Câmara Municipal de Roma) em meados de Janeiro de 1998, foi a confirmação definitiva da atenção especial do Papa aos assuntos romanos, e de seu empenho para que a cidade retomasse consciência do papel que ela pode desenvolver, também hoje, na comunidade internacional. Aliás, como ela mesma mostrou, no plano espiritual, no Jubileu do Ano 2000. Então, Roma por seu passado histórico e pelo afetuoso carinho revelado pelo povo romano, despertava no Papa uma especial alegria interior e um amoroso afeto pela cidade. O interesse e a dedicação do Papa por Roma foram tão admiráveis, que como disse o seu Secretário Particular: “foi preciso um Papa não italiano, vindo da Polônia, para lembrar que ROMA é Amor. E tanto isto é verdade que lendo a palavra ROMA ao contrário, é AMOR”.

PEDRO, O VIAJANTE FIEL


Em 1979, o novo Papa encontrou encima de sua mesa uma Carta Convite para ir aoMéxico, a Puebla, a fim de participar da IIIª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano. Na época o México era um país declaradamente anticlerical. Havia muitos maçons no Governo e no Parlamento. Além disso, para entrar no país o Chefe da Igreja Católica teria que pedir o “Visto Consular” , e não lhe seria permitido dar a bênção em lugares abertos e nas praças.

Porém, ainda teria que enfrentar a questão da teologia da libertação. Essa teologia embora exprimindo alguns sentimentos do catolicismo latino-americano, estava contaminada por correntes radicais que introduziram desvios doutrinais e pastorais, identificando a missão evangelizadora como se fosse uma ação revolucionária!

Foi a primeira viagem do Papa fora da Itália, e foi muito bom pela extraordinária reação dos católicos mexicanos, que puderam sair de um longo e penoso estado de minoria. Também foi bom para o Papa porque conheceu de perto a realidade da América Latina, aprendeu a “linguagem da libertação” e suas motivações mais autênticas. Tanto, que a partir daquela experiência surgiram as grandes linhas “sociais” de seu pontificado.

A visita ao México começou com uma festa incrível desde que o Papa chegou. Uma multidão imensa pelas ruas. Pela primeira vez se ouviu aquela saudação ritmada, que se tornaria famosa no mundo todo: “A bênção João de DEUS, o teu povo te abraça”… Karol surpreso e feliz, se deixou levar por aquele abraço que quase o sufocava. Contagiado pela espontaneidade do povo, começou a improvisar, a conversar com as pessoas, num idioma que não era o seu. Esta mesma música com versão em português, foi divulgada e acolhida no Brasil com entusiasmo e carinho. Por ocasião das três visitas que Sua Santidade esteve no Brasil, ficou como um verdadeiro hino de saudação, cantado pelo povo milhares de vezes, num sinal de amizade e de fervorosa acolhida ao Papa João Paulo II.

Todavia nos encontros com os jovens, com os índios e no discurso dirigido ao Episcopado da América Latina foi severo nas reafirmações doutrinárias sobre JESUS, deixando bem claro que (ELE não foi o subversivo de Nazaré) e sobre a Igreja, afirmou que ela (não pode ser reduzida a uma coletividade que apóia uma prática sociopolítica de origem “popular”). A Igreja quer se manter livre frente aos sistemas opostos, de modo a optar apenas pelo homem. Em suma, a Igreja fez a escolha pelo homem, quer manter-se a serviço do homem; quer que o homem se liberte de qualquer forma de constrangimento, de repressão, de injustiça, e que fosse livre para poder professar a própria fé em DEUS.

Aquele posicionamento do Papa em seus discursos exacerbou a ira dos contrários que logo o chamaram de “Papa terceiro-mundista” , “integralista de Puebla”, “conservador”, “tradicionalista” e outros adjetivos.

Entretanto, nenhum daqueles comentários atingiram a sua pessoa, porque jamais ele se deixou condicionar por críticas tão preconceituosas e instrumentais. Inspirava-se na oração durante o permanente encontro que mantinha com o SENHOR e seguia o Evangelho, tendo desse modo, a plena convicção de qual o melhor caminho que devia escolher.

Ele foi o Papa que mais viajou e visitou um admirável número de países, tendo sido visto diretamente por mais de um bilhão de pessoas, e muito mais, através dos aparelhos de televisão. Era um Papa jovem, com apenas 58 anos de idade, com saúde e disposição para viajar. Karol dizia: “Não podemos esperar os fiéis na Praça de São Pedro, precisamos ir até eles”. Ademais, quantas pessoas têm a possibilidade de ir a Roma para encontrar o Papa? Por isso mesmo, uma parte importante da atividade apostólica do Papa João Paulo II foi o ensinamento itinerante.

Depois do México, foi a Polônia e depois aconteceu uma série de novos convites, a Irlanda, os Estados Unidos e a ONU, a Turquia, Republica Dominicana, Bahamas, Brasil, França, África (diversos países), Alemanha, Paquistão, Filipinas, Japão, Argentina, Portugal, Uruguai, Bolívia, Peru, Paraguai, Áustria, Inglaterra, Suíça, Canadá e muitos outros, num total de 104 visitas durante o seu pontificado de 26 anos.

O catolicismo ganhava em universalidade, em impulso missionário e consolidavam-se as ligações entre a Santa Sé e as Igrejas. Muitas vezes, após a peregrinação do Santo Padre, acontecia um aumento de vocações sacerdotais, principalmente no Leste Europeu, na África e na Coréia do Sul (nesta, onde ainda predomina o budismo e o confucionismo).

Também esteve na ilha de Gorée no Senegal, onde aconteceu o “Holocausto desconhecido” de milhões de negros africanos, que partiram acorrentados para as Américas. À noite, depois de visitar a ilha dos escravos, continuou a falar sobre o tema. Estava horrorizado e angustiado, principalmente por causa das crianças, vítimas de um comércio imundo. E não conseguia se acalmar por saber que quem cometera aquele crime horrendo foram homens que se declaravam cristãos!

Na República do Chade, o cortejo de carros estava percorrendo uma estrada às margens do Sahel (é uma região situada entre o deserto do Sahara e as terras mais férteis ao sul) quando se deparou com um pequeno vilarejo, que apenas possuía algumas cabanas miseráveis. O Santo Padre pediu para parar, entrou num daqueles casebres, falou com as pessoas do local e constatou aquela abominável miséria. Queria ver. Queria entender. E talvez, exatamente pelo que viu e entendeu, deu tanta ênfase ao discurso no qual apelou fortemente para o dever da comunidade mundial de não esquecer a África. Era desumano não socorrer aqueles povos que necessitavam de urgente ajuda.

“No Brasil, levaram o Papa a uma favela cuja pobreza era assustadora”, escreveu o Cardeal Stanislaw, Secretário Particular dele. Era a Favela do Vidigal. “Olhava em volta, quase desesperado, sem saber o que poderia fazer, ali, naquele momento, para diminuir o sofrimento do povo. E então, de repente, tirou o seu anel papal de ouro e doou àquela gente”.

O Papa João Paulo II visitou o Brasil três vezes. Na primeira vez chegou ao meio-dia do dia 30 de Junho de 1980 e percorreu treze cidades em apenas doze dias. A maratona cobriu um total de aproximadamente 30.000 km. Começou em Brasília e retornou a Roma por Manaus.

A segunda visita foi entre 12 e 21 de Outubro de 1991. O Papa não costumava beijar o solo de um país que ele já tinha visitado, mas no Brasil ele quebrou a tradição e beijou o chão brasileiro nas três viagens. Visitou sete cidades e fez 31 discursos e homilias.

A terceira viagem foi entre 2 e 6 de Outubro de 1977. O Papa sempre demonstrou um carinho especial pelo Brasil, não só pelo fato de ser o país com mais católicos no mundo, mas também pela calorosa e amiga receptividade que o povo lhe proporcionava. Foram visitas que trouxeram muitos benefícios ao clero, aos católicos e ao povo em geral.

Em visita a cidade do Rio de Janeiro ele falou: "Se Deus é brasileiro, então o Papa é carioca”.

Em Portugal, João Paulo II esteve por cinco vezes. A primeira visita (12 a 15 de Maio de 1982), um ano após o atentado de que foi vítima em 13 de Maio de 1981. Nesta visita ele trouxe a bala do atentado sofrido no ano anterior em plena Praça de São Pedro, no Vaticano, e a depositou no altar de NOSSA SENHORA DE FÁTIMA. Atualmente a bala está incrustada na coroa de ouro da imagem de NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, que está na Capelinha das Aparições.

Em 14 de Maio de 1982 visitou o Santuário de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,Padroeira de Portugal, em Vila Viçosa. Em 15 de Maio de 1982 visitou o Santuário de NOSSA SENHORA DO SAMEIRO, em Braga.

Em 2 de Março de 1983, fez escala em Lisboa na viagem a América Central.

De 5 a 13 de Maio de 1991 esteve nos Açores, na Ilha Madeira, em Lisboa, e novamente em Fátima.

E finalmente fez outra visita a Portugal de 12 a 13 de Maio de 2000, quando foi a Fátima e beatificou os dois pequenos pastores videntes de Fátima, Jacinta e Francisco Marto.

Na Colômbia, em Popayan, houve o encontro com os índios. Descreve o Secretário Particular do Santo Padre: “O cacique começou a ler a sua mensagem por inteiro, não aquela censurada antes por alguém, e disse palavras fortes contra os patrões que mandaram assassinar os indígenas, inclusive mulheres e crianças. Um padre subiu ao palco e tirou o microfone do índio, mas João Paulo II passou-lhe o seu microfone, dando-lhe de novo a palavra”. Sem dúvida, naquele momento, um gesto daquela natureza valeu mais do que cem discursos.

A viagem ao Chile também foi difícil. Haviam pessoas que queriam manipular o Santo Padre, como também haviam opositores ferrenhos a visita do Papa. Escreveu o Secretário Particular: “No grande parque de Santiago, durante a beatificação de Teresa de los Andes, os manifestantes rebeldes provocaram a policia e esta respondeu com gás lacrimogêneo. A fumaça chegou até o altar. O Papa não se amedrontou, mas durante a Santa Missa temeu pelos fiéis, temeu que pudesse acontecer algum incidente grave”. Felizmente nada grave aconteceu com o povo.

Os jornais de Santiago noticiaram em amplo espaço sobre este acontecimento condenável, mas quase nada informaram sobre o notável e entusiasmado encontro de João Paulo II com os jovens, no estádio nacional de futebol. Descreve o Secretário Particular: “O Papa gritava: El amor es más fuerte. A juventude chilena presente ao estádio respondia repleta de alegria e a plenos pulmões: Si, Si, Santidad. E quando ele perguntou aos jovens se queriam renunciar aos ídolos do mundo, responderam com um altíssimo grito: Siiim, que talvez tenha sido o início da nova história do Chile”.

Na década de 1980, os líderes da União Soviética fizeram planos para assassinar o Pontífice. A notícia se espalhou e inclusive, foi comentada durante uma reunião do Parlamento Italiano. Mas como estratégia, o serviço secreto russo e o chefe da KGB negaram todas as acusações.

O Papa, criticou fortemente a aproximação da Igreja com o marxismo nos países em desenvolvimento, e em especial criticou a Teologia da Libertação, considerando-a um perigoso e lascivo caminho que corrói e desagrega a unidade cristã.

Em visita à Nicarágua, João Paulo II chegou a discutir com fiéis que insistiam em acolher a Teologia da Libertação, e depois de condenar a participação de padres católicos no governo comunista sandinista, foi vaiado por aqueles que não aceitavam a sua verdade, ou seja, a Verdade Cristã.

Todavia, pela vontade de DEUS, na Europa aconteceu a queda do Muro de Berlim, evidenciando de modo heróico o desejo de liberdade do ser humano. Foi a preciosa oportunidade para o Santo Padre e para o mundo, de ultrapassar as portas de todos os países do bloco da antiga União Soviética e proclamar o direito alienável das pessoas de viverem com dignidade, cultivando a liberdade de pensamento, de expressões e de movimento, e exercitando com absoluta autonomia a sua crença e a maneira de revelar o seu amor a DEUS. Primeiro ele foi a Checoslováquia, depois a Albânia, Bulgária, Ucrânia, Armênia, Geórgia, Kazaquistão, Azerbaijão e outras. As visitas pontifícias muitas vezes eram solicitadas pelos próprios chefes de Estado, como no caso da Grécia e da Mongólia. Na Mongólia, os governantes já tinham concedido a liberdade de culto para muçulmanos e budistas; mas evidentemente julgava-se que a presença de uma Igreja como a Católica contribuiria para o desenvolvimento moral e social da nação.

Todavia, para alcançar a Mongólia o Santo Padre desejaria passar por Moscou. Seria sem dúvida, uma excelente oportunidade, na qual João Paulo II queria, ele mesmo, entregar solenemente a autoridade religiosa russa o ícone da MÃE DE DEUS, chamado de Kazan, encontraria com o Patriarca Ortodoxo de Moscou, Alessio II, cuja visita já tinha sido desmarcada duas vezes anteriormente, e depois, prosseguiria viagem para a Mongólia. Mas não foi possível.

Apesar de algumas negativas, escreveu o Secretário Particular do Pontífice: “As viagens do Papa favoreceram a aproximação da Igreja de Roma com as outras Igrejas Cristãs. E isso, graças a humildade sempre demonstrada claramente por João Paulo II, reconhecendo os erros dos católicos nos séculos passados e sua fervorosa vontade de estabelecer a paz no mundo e o construtivo entendimento entre os povos e as religiões”.

Desse modo, as viagens do Santo Padre foram eventos espirituais acima de tudo, que criaram as premissas para uma necessária renovação religiosa. Foram também preciosas oportunidades para ele empreender uma forte ação em defesa dos direitos humanos, da justiça social e da paz.

Seu Pontificado


O PONTIFICADO "



Desde o inicio do seu Pontificado, respeitou com humildade e tolerância todas ascrenças e religiões, assim como censurou os erros praticados no passado pelo catolicismo. Demonstrou humanidade e uma capacidade invulgar para julgar as fraquezas humanas, ao ter a coragem e a capacidade de pedir perdão pelos erros e pecados cometidos pela Igreja em outras épocas, abrindo os braços para um diálogo honesto e sincero, que propiciasse a união dos povos e a permanência da paz em todos os corações.

João Paulo II revestiu o seu mandato com uma característica toda pessoal, exercitava paternalmente e com muita firmeza a doutrina cristã e fazia prevalecer a tradição em todos os temas que agitam a sociedade, mantendo as diretrizes da moral conforme os ensinamentos da Lei de DEUS. Não acolheu a ordenação de mulheres; manteve o celibato para os sacerdotes; não legalizou o divórcio e as separações matrimoniais; condenou os “gays” e lésbicas, assim como todas as uniões ilegítimas; condenou o aborto e o considerou um crime bárbaro contra a humanidade e contra a Lei de DEUS.

O Papa sempre pregou a honesta e sincera reciprocidade entre os casais: um não deve fazer aquilo que irá magoar, entristecer ou ofender o outro. A fidelidade é a condição essencial e mais exigida, para que exista harmonia entre ambos e seja aberto o espaço para a felicidade conjugal.

Com a experiência vivida em seu país, sentiu que o medo e a insegurança pairavam no coração dos cristãos. A busca da verdade, as incertezas no trabalho, a dificuldade em caminhar sob as barreiras e as limitações do conhecimento e a ânsia pessoal em alcançar êxito, deixam a humanidade perplexa e sempre em constante busca de “algo”, de alguma coisa ou de “algum outro caminho”, que possa servir de âncora para as suas realizações, para os empreendimentos, a segurança pessoal no viver cotidiano, a fim de alcançar as vitórias, as conquistas, inclusive a salvação definitiva, arrancando a dúvida e a desconfiança que querem criar raízes no interior do coração. Ele conseguiu com um profundo discernimento vislumbrar esta necessidade humana, e desde o limiar do seu Ministério na Sé de Pedro repetiu as palavras de CRISTO, lançando a exortação Divina: “Não tenham medo”! Não tenham medo da verdade, não tenham medo de DEUS, aproximem-se corajosamente com suas orações, com as suplicas e, sobretudo, com um imenso, dedicado e perseverante amor. Confiem e sejam fiéis. Aquelas palavras tinham também o objetivo de infundir força e coragem, em especial às nações reduzidas à escravidão e às quais ele anunciava a liberdade.

“A humanidade é sempre a mesma. Os sistemas que ela cria são sempre imperfeitos, e tanto mais imperfeitos, quanto mais as pessoas estejam seguras de si. De onde se origina isto? Pergunta o Papa. Vem do nosso coração. O nosso coração está inquieto; o próprio CRISTO conhece esta nossa angústia, melhor do que cada um de nós”. “ELE sabe o que há em nós”. (Jo 2,25)

A nossa caminhada existencial é repleta de surpresas e imprevistos, por isso mesmo, João Paulo II recomendava: “Cultivai a oração com fé e disponibilidade”. A Oração sempre nos coloca diante de DEUS, e mesmo não sabendo pedir e suplicar o que necessitamos, como escreveu o Apóstolo São Paulo: “O ESPÍRITO vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos pedir o que nos convêm. O próprio ESPÍRITO é que advoga por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8,26)

“A Oração é uma Obra ou Trabalho da glória”, disse o Papa. Além de pedir, o fiel deve saber agradecer, assim como, deve saber implorar para obter o perdão de todos os seus pecados. Da mesma forma, deve-se rezar pelas vocações, não apenas sacerdotais e religiosas, mas também “pelas muitas vocações à santidade entre o povo de DEUS, no seio do laicato”. O Evangelho é antes de tudo, a “alegria da Criação”. Por sua vez, a “alegria da Criação” é completada pela “alegria da Salvação” e pela “alegria da Redenção”. Na Vigília da Páscoa a Igreja canta com toda alegria: “Ó feliz culpa, que nos fez merecer tal e tão grande Redentor”. Assim sendo, concluindo o seu raciocínio, o Papa nos faz compreender que o motivo maior de nossa alegria é possuir a força, através da oração, para vencer o mal e acolher a filiação Divina que constitui a essência da Boa Nova. Muito embora, esclarece Sua Santidade, a alegria da vitória sobre o mal, não ofusca a “realística consciência da existência do mal no mundo e na humanidade”. Daí a necessidade do fiel ser autêntico e “não ter medo” de rezar, de pedir ajuda, de viver em comunhão de amor com DEUS, de acreditar na força do ESPÍRITO SANTO e de crer que o Papa é o continuador da Missão dos Apóstolos, por determinação e escolha de CRISTO, conforme a vontade do PAI ETERNO.

A primeira metade do seu pontificado ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países da Europa do Leste e do mundo. Na segunda metade foi relevante a sua crítica ao mundo ocidental capitalista, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres.

Com 26 anos e 5 meses de pontificado, é o terceiro mais longo da história da Igreja Católica. O mais longo foi o de São Pedro Apóstolo que dirigiu a Igreja aproximadamente por 37 anos; e quem está em segundo lugar, pela longevidade, é o Papa Pio IX que governou a Igreja durante 31 anos e sete meses. Alguns números que se destacam de modo impressionante são aqueles das viagens pastorais que João Paulo II realizou fora da Itália; foram cerca de 104 viagens, visitando 129 países e mais de 1.000 localidades, onde presidiu cerimônias de beatificação (147) e 51 canonizações, nas quais foram proclamados 1.338 beatos e 482 santos.

O Papa Wojtyla teve excelentes colaboradores e entre eles o Cardeal Joseph Ratzinger. Ele foi escolhido em 1981 para Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e permaneceu no cargo durante 23 anos até o falecimento do Papa. Era um velho amigo de João Paulo II e compartilhava com as mesmas posições ortodoxas do Papa, ou seja, era fiel a doutrina e a Verdade Cristã. Como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé era um dos Cardeais mais influentes e defensor intransigente do catolicismo, e por isso mesmo, respeitado por toda a Cúria Romana.

João Paulo II promoveu e incentivou a aproximação com as outras grandes religiões monoteístas do mundo. Entretanto, também enfrentou acusações bizarras, como aquela de "proselitismo agressivo" feitas pelo mundo ortodoxo. A reconciliação com os judeus marcou a sua viagem à Terra Santa em Março de 2000, e também, representou uma mudança radical entre as duas religiões, criando condição para uma verdadeira coexistência pacífica e um intercâmbio profícuo e proveitoso.

Também estimulou o diálogo inter-religioso, o ecumenismo e o cultivo da paz, sendo o primeiro Sumo Pontífice a visitar o Muro das Lamentações em Jerusalém no dia 26 de Março de 2000, onde, num gesto admirável de perfeita humildade, pediu perdão pelos erros e crimes cometidos pelos filhos da Igreja no passado. Foi o primeiro Papa a pregar numa Sinagoga Judaica, a entrar numa Mesquita (em Damasco, na Síria), e a promover as jornadas ecumênicas de reflexão pela paz em Assis, na Itália, congregando todas as religiões numa Oração Mundial pela Paz. Foi o primeiro Papa a realizar uma visita à Grécia, desde a separação das Igrejas Católica e Ortodoxa no Cisma de 1.054.

João Paulo II, também determinou a devolução à Igreja Ortodoxa Russa do Ícone de “NOSSA SENHORA DE KAZAN”, a “Theotokos” e sempre VIRGEM MARIA. No dia 28 de Agosto de 2004, quando eles comemoraram a "Solenidade da gloriosíssima Dormição da Theotokos", a delegação representativa da Igreja Católica, chefiada pelo Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, entregou o Ícone, depois de um solene ofício na Catedral da Dormição no Kremlin, em Moscou, cuja cerimônia contou com a participação numerosa dos fiéis.

Foram 14 as Encíclicas ou Cartas Encíclicas escritas por João Paulo II, que são documentos dirigidos a todos os Bispos e em consequência, a toda humanidade.

Pela ordem de emissão, temos:

1) “Redemptor hominis”(O Redentor do Homem) – Escrita entre 25/Fevereiro a 4/Março de 1979 – Explica a relação entre a Redenção alcançada por CRISTO para todas as gerações e a dignidade humana.

2) “Dives in Misericórdia” (Rico em Misericórdia) – Escrita em 2/Dezembro de 1979 – Ensina minuciosamente sobre a Bondade e a grandeza da Misericórdia de DEUS PAI, eterno CRIADOR.

3) “Laborem Exercens” (Exercendo o Trabalho) – Escrita em 14/Setembro de 1981 – Aprofunda o estudo sobre a necessidade do Trabalho, em seus diversos aspectos e ramos, para que seja realizado com dignidade.

4) “Slavorum Apostoli” (Os Apóstolos dos Eslavos) – Foi escrita em 2/Junho de 1985 - Sobre os Santos Cirilo e Metódio, padroeiros dos Povos Eslavos.

5) “Dominum et Vivificantem” (O Senhor que dá a Vida) – Escrita em 30/Maio de 1986 – Sobre o ESPÍRITO SANTO na Vida da Igreja e do Mundo.

6) “Redemptoris Mater” (A Mãe do Redentor) – Escrita em 25 de Março de 1987 – Sobre a Bem-Aventurada VIRGEM MARIA na Vida da Igreja que está a Caminho.

7) “Sollicitudo Rei Socialis”(Solicitude pelas coisas Sociais) – Escrita em 19/Fevereiro de 1988 - Sobre a reafirmação do papel da Igreja nas questões sociais.

8) “Redemptoris Missio” (A Missão do Redentor) – Escrita em 22/Janeiro de 1991 - Sobre o mandato missionário de CRISTO à Sua Igreja.

9) “Centesimus Annus” (O Centésimo Ano) – Escrita em 1/Maio de 1991 - Sobre a questão social: o Trabalho, o Capital e o Ensino. No 100º aniversário da encíclica “Rerum Novarum” (escrita pelo Papa Leão XIII em 1891, sobre a condição dos operários).

10) “Veritatis Splendor”(O Esplendor da Verdade) – Escrita em 5/Outubro de 1993 – Sobre os fundamentos da moral católica.

11) “Evangelium Vitae” (O Evangelho da Vida) – Escrita em 30/Março de 1995 - Sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.

12) “Ut Unum Sint” (Para que todos sejam Um) – Escrita em 30/Maio de 1995 – Sobre o empenho a fim de que haja o ecumenismo.

13) “Fides et Ratio” (A Fé e a Razão) – Escrita em 15/Outubro de 1998 - Sobre as relações entre a fé e a razão. Condena o ateísmo e a fé sem razão, e afirma a posição da filosofia e da razão na religião.

14) “Ecclesia de Eucharistia” (A Igreja da Eucaristia) – Escrita em 17/Abril de 2003 – Sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.

Também escreveu diversas Exortações Apostólicas e um precioso Documento sobre a Mulher, a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”, publicada em 15 de Agosto de 1988, sobre a dignidade e vocação da mulher, que se insere no contexto da promoção da mulher e na defesa da sua dignidade.

João Paulo II sempre foi um apaixonado pela MÃE DE DEUS. A VIRGEM MARIA sempre ocupou um espaço tão grande em seu coração, que no brasão papal colocou o lema “Totus Tuus” (Sou todo teu, Maria)

A oração do Rosário sempre foi uma das preferidas de Sua Santidade. A meditação dos Mistérios nos transporta para junto de DEUS e de nossa MÃE SANTÍSSIMA, revestindo o espírito das pessoas de uma profunda confiança e de muita tranquilidade, revigorando a disposição e estimulando a vontade, além de proporcionar uma agradável alegria interior. Por esse motivo, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, o Papa decidiu acrescentar mais “um Terço” na oração do Rosário, o Terço dos "Mistérios Luminosos" , contemplando outros Mistérios do Evangelho do SENHOR, que não tinham sido incluídos anteriormente. Assim sendo, o Rosário atualmente é composto de “quatro Terços”, Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos, Mistérios Gloriosos e Mistérios Luminosos.

Outra manifestação importante do Papa João Paulo II se refere à chegada do ano 2000. Esta data sempre esteve presente no seu pensamento e na sua expectativa pessoal. E não simplesmente pela mudança do milênio, mas porque aquela data histórica coincidia com a celebração dos 2 mil anos do nascimento de JESUS e portanto, deveria constituir a ocasião propícia para uma profunda renovação espiritual e moral da comunidade católica. E este desejo existia em seu coração, desde quando era Arcebispo em Cracóvia. Através da Encíclica “Redemptor Hominis” , antecipou a sua decisão de anunciar um Grande Jubileu, que envolveria não apenas os cristãos, mas de alguma forma toda humanidade. Convocou os católicos para um exame de consciência de forma a realizar uma transformação radical de vida e também, que abrissem o coração para receber todos os irmãos, numa conotação fortemente ecumênica.

De fato, nas intenções do Santo Padre seria um momento providencial para acertar as contas com o passado, para purificar a memória de todos os erros, culpas e testemunhos negativos dos quais os cristãos foram responsáveis ao longo dos séculos. È suficiente, como exemplo, lembrarmos de tudo o que aconteceu nas Cruzadas.

Isso poderia, portanto, favorecer um diálogo aberto e honesto com as outras Igrejas cristãs e com as outras religiões. Todavia, o que era mais importante para o Papa, era que se “pedisse perdão sem querer nada em troca” . Ele dizia que a gratuidade do gesto era a condição indispensável para a sua credibilidade e para a sua eficácia.

O seu Secretario Particular relata: “Mas antes dele iniciar este caminho de assumir a mea-culpa quis saber o que O Evangelho dizia sobre o assunto. O que JESUS faria nesta circunstância? E vendo tudo pela ótica da fé, aceitando como sinal da Divina Providência, tomou aquela decisão com serenidade”.

No inicio, apesar de haverem muitas pessoas que não estavam de acordo, havia também aquelas que o apoiava. A verdade é que aos poucos as resistências e perplexidades foram desaparecendo e aquele procedimento corajoso e sincero, abriu as portas do diálogo ecumênico e inter-religioso com todas as nações.

E para culminar e coroar aquele gesto do Sumo Pontífice, em 12 de Março de 2000, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, realizou-se o “Dia Jubilar do Perdão”. E ele também estava presente e presidiu a cerimônia. Pela primeira vez, a Igreja inteira implorou a misericórdia de DEUS pelos pecados e omissões que mancharam os cristãos. Com emoção e de modo vibrante, o povo e todas as autoridades se comprometeram com cinco solenes “nunca mais”, a nunca mais trair o Evangelho e o respeito à Verdade.
O PONTIFICADO "



Desde o inicio do seu Pontificado, respeitou com humildade e tolerância todas ascrenças e religiões, assim como censurou os erros praticados no passado pelo catolicismo. Demonstrou humanidade e uma capacidade invulgar para julgar as fraquezas humanas, ao ter a coragem e a capacidade de pedir perdão pelos erros e pecados cometidos pela Igreja em outras épocas, abrindo os braços para um diálogo honesto e sincero, que propiciasse a união dos povos e a permanência da paz em todos os corações.

João Paulo II revestiu o seu mandato com uma característica toda pessoal, exercitava paternalmente e com muita firmeza a doutrina cristã e fazia prevalecer a tradição em todos os temas que agitam a sociedade, mantendo as diretrizes da moral conforme os ensinamentos da Lei de DEUS. Não acolheu a ordenação de mulheres; manteve o celibato para os sacerdotes; não legalizou o divórcio e as separações matrimoniais; condenou os “gays” e lésbicas, assim como todas as uniões ilegítimas; condenou o aborto e o considerou um crime bárbaro contra a humanidade e contra a Lei de DEUS.

O Papa sempre pregou a honesta e sincera reciprocidade entre os casais: um não deve fazer aquilo que irá magoar, entristecer ou ofender o outro. A fidelidade é a condição essencial e mais exigida, para que exista harmonia entre ambos e seja aberto o espaço para a felicidade conjugal.

Com a experiência vivida em seu país, sentiu que o medo e a insegurança pairavam no coração dos cristãos. A busca da verdade, as incertezas no trabalho, a dificuldade em caminhar sob as barreiras e as limitações do conhecimento e a ânsia pessoal em alcançar êxito, deixam a humanidade perplexa e sempre em constante busca de “algo”, de alguma coisa ou de “algum outro caminho”, que possa servir de âncora para as suas realizações, para os empreendimentos, a segurança pessoal no viver cotidiano, a fim de alcançar as vitórias, as conquistas, inclusive a salvação definitiva, arrancando a dúvida e a desconfiança que querem criar raízes no interior do coração. Ele conseguiu com um profundo discernimento vislumbrar esta necessidade humana, e desde o limiar do seu Ministério na Sé de Pedro repetiu as palavras de CRISTO, lançando a exortação Divina: “Não tenham medo”! Não tenham medo da verdade, não tenham medo de DEUS, aproximem-se corajosamente com suas orações, com as suplicas e, sobretudo, com um imenso, dedicado e perseverante amor. Confiem e sejam fiéis. Aquelas palavras tinham também o objetivo de infundir força e coragem, em especial às nações reduzidas à escravidão e às quais ele anunciava a liberdade.

“A humanidade é sempre a mesma. Os sistemas que ela cria são sempre imperfeitos, e tanto mais imperfeitos, quanto mais as pessoas estejam seguras de si. De onde se origina isto? Pergunta o Papa. Vem do nosso coração. O nosso coração está inquieto; o próprio CRISTO conhece esta nossa angústia, melhor do que cada um de nós”. “ELE sabe o que há em nós”. (Jo 2,25)

A nossa caminhada existencial é repleta de surpresas e imprevistos, por isso mesmo, João Paulo II recomendava: “Cultivai a oração com fé e disponibilidade”. A Oração sempre nos coloca diante de DEUS, e mesmo não sabendo pedir e suplicar o que necessitamos, como escreveu o Apóstolo São Paulo: “O ESPÍRITO vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos pedir o que nos convêm. O próprio ESPÍRITO é que advoga por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8,26)

“A Oração é uma Obra ou Trabalho da glória”, disse o Papa. Além de pedir, o fiel deve saber agradecer, assim como, deve saber implorar para obter o perdão de todos os seus pecados. Da mesma forma, deve-se rezar pelas vocações, não apenas sacerdotais e religiosas, mas também “pelas muitas vocações à santidade entre o povo de DEUS, no seio do laicato”. O Evangelho é antes de tudo, a “alegria da Criação”. Por sua vez, a “alegria da Criação” é completada pela “alegria da Salvação” e pela “alegria da Redenção”. Na Vigília da Páscoa a Igreja canta com toda alegria: “Ó feliz culpa, que nos fez merecer tal e tão grande Redentor”. Assim sendo, concluindo o seu raciocínio, o Papa nos faz compreender que o motivo maior de nossa alegria é possuir a força, através da oração, para vencer o mal e acolher a filiação Divina que constitui a essência da Boa Nova. Muito embora, esclarece Sua Santidade, a alegria da vitória sobre o mal, não ofusca a “realística consciência da existência do mal no mundo e na humanidade”. Daí a necessidade do fiel ser autêntico e “não ter medo” de rezar, de pedir ajuda, de viver em comunhão de amor com DEUS, de acreditar na força do ESPÍRITO SANTO e de crer que o Papa é o continuador da Missão dos Apóstolos, por determinação e escolha de CRISTO, conforme a vontade do PAI ETERNO.

A primeira metade do seu pontificado ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países da Europa do Leste e do mundo. Na segunda metade foi relevante a sua crítica ao mundo ocidental capitalista, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres.

Com 26 anos e 5 meses de pontificado, é o terceiro mais longo da história da Igreja Católica. O mais longo foi o de São Pedro Apóstolo que dirigiu a Igreja aproximadamente por 37 anos; e quem está em segundo lugar, pela longevidade, é o Papa Pio IX que governou a Igreja durante 31 anos e sete meses. Alguns números que se destacam de modo impressionante são aqueles das viagens pastorais que João Paulo II realizou fora da Itália; foram cerca de 104 viagens, visitando 129 países e mais de 1.000 localidades, onde presidiu cerimônias de beatificação (147) e 51 canonizações, nas quais foram proclamados 1.338 beatos e 482 santos.

O Papa Wojtyla teve excelentes colaboradores e entre eles o Cardeal Joseph Ratzinger. Ele foi escolhido em 1981 para Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e permaneceu no cargo durante 23 anos até o falecimento do Papa. Era um velho amigo de João Paulo II e compartilhava com as mesmas posições ortodoxas do Papa, ou seja, era fiel a doutrina e a Verdade Cristã. Como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé era um dos Cardeais mais influentes e defensor intransigente do catolicismo, e por isso mesmo, respeitado por toda a Cúria Romana.

João Paulo II promoveu e incentivou a aproximação com as outras grandes religiões monoteístas do mundo. Entretanto, também enfrentou acusações bizarras, como aquela de "proselitismo agressivo" feitas pelo mundo ortodoxo. A reconciliação com os judeus marcou a sua viagem à Terra Santa em Março de 2000, e também, representou uma mudança radical entre as duas religiões, criando condição para uma verdadeira coexistência pacífica e um intercâmbio profícuo e proveitoso.

Também estimulou o diálogo inter-religioso, o ecumenismo e o cultivo da paz, sendo o primeiro Sumo Pontífice a visitar o Muro das Lamentações em Jerusalém no dia 26 de Março de 2000, onde, num gesto admirável de perfeita humildade, pediu perdão pelos erros e crimes cometidos pelos filhos da Igreja no passado. Foi o primeiro Papa a pregar numa Sinagoga Judaica, a entrar numa Mesquita (em Damasco, na Síria), e a promover as jornadas ecumênicas de reflexão pela paz em Assis, na Itália, congregando todas as religiões numa Oração Mundial pela Paz. Foi o primeiro Papa a realizar uma visita à Grécia, desde a separação das Igrejas Católica e Ortodoxa no Cisma de 1.054.

João Paulo II, também determinou a devolução à Igreja Ortodoxa Russa do Ícone de “NOSSA SENHORA DE KAZAN”, a “Theotokos” e sempre VIRGEM MARIA. No dia 28 de Agosto de 2004, quando eles comemoraram a "Solenidade da gloriosíssima Dormição da Theotokos", a delegação representativa da Igreja Católica, chefiada pelo Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, entregou o Ícone, depois de um solene ofício na Catedral da Dormição no Kremlin, em Moscou, cuja cerimônia contou com a participação numerosa dos fiéis.

Foram 14 as Encíclicas ou Cartas Encíclicas escritas por João Paulo II, que são documentos dirigidos a todos os Bispos e em consequência, a toda humanidade.

Pela ordem de emissão, temos:

1) “Redemptor hominis”(O Redentor do Homem) – Escrita entre 25/Fevereiro a 4/Março de 1979 – Explica a relação entre a Redenção alcançada por CRISTO para todas as gerações e a dignidade humana.

2) “Dives in Misericórdia” (Rico em Misericórdia) – Escrita em 2/Dezembro de 1979 – Ensina minuciosamente sobre a Bondade e a grandeza da Misericórdia de DEUS PAI, eterno CRIADOR.

3) “Laborem Exercens” (Exercendo o Trabalho) – Escrita em 14/Setembro de 1981 – Aprofunda o estudo sobre a necessidade do Trabalho, em seus diversos aspectos e ramos, para que seja realizado com dignidade.

4) “Slavorum Apostoli” (Os Apóstolos dos Eslavos) – Foi escrita em 2/Junho de 1985 - Sobre os Santos Cirilo e Metódio, padroeiros dos Povos Eslavos.

5) “Dominum et Vivificantem” (O Senhor que dá a Vida) – Escrita em 30/Maio de 1986 – Sobre o ESPÍRITO SANTO na Vida da Igreja e do Mundo.

6) “Redemptoris Mater” (A Mãe do Redentor) – Escrita em 25 de Março de 1987 – Sobre a Bem-Aventurada VIRGEM MARIA na Vida da Igreja que está a Caminho.

7) “Sollicitudo Rei Socialis”(Solicitude pelas coisas Sociais) – Escrita em 19/Fevereiro de 1988 - Sobre a reafirmação do papel da Igreja nas questões sociais.

8) “Redemptoris Missio” (A Missão do Redentor) – Escrita em 22/Janeiro de 1991 - Sobre o mandato missionário de CRISTO à Sua Igreja.

9) “Centesimus Annus” (O Centésimo Ano) – Escrita em 1/Maio de 1991 - Sobre a questão social: o Trabalho, o Capital e o Ensino. No 100º aniversário da encíclica “Rerum Novarum” (escrita pelo Papa Leão XIII em 1891, sobre a condição dos operários).

10) “Veritatis Splendor”(O Esplendor da Verdade) – Escrita em 5/Outubro de 1993 – Sobre os fundamentos da moral católica.

11) “Evangelium Vitae” (O Evangelho da Vida) – Escrita em 30/Março de 1995 - Sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.

12) “Ut Unum Sint” (Para que todos sejam Um) – Escrita em 30/Maio de 1995 – Sobre o empenho a fim de que haja o ecumenismo.

13) “Fides et Ratio” (A Fé e a Razão) – Escrita em 15/Outubro de 1998 - Sobre as relações entre a fé e a razão. Condena o ateísmo e a fé sem razão, e afirma a posição da filosofia e da razão na religião.

14) “Ecclesia de Eucharistia” (A Igreja da Eucaristia) – Escrita em 17/Abril de 2003 – Sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.

Também escreveu diversas Exortações Apostólicas e um precioso Documento sobre a Mulher, a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”, publicada em 15 de Agosto de 1988, sobre a dignidade e vocação da mulher, que se insere no contexto da promoção da mulher e na defesa da sua dignidade.

João Paulo II sempre foi um apaixonado pela MÃE DE DEUS. A VIRGEM MARIA sempre ocupou um espaço tão grande em seu coração, que no brasão papal colocou o lema “Totus Tuus” (Sou todo teu, Maria)

A oração do Rosário sempre foi uma das preferidas de Sua Santidade. A meditação dos Mistérios nos transporta para junto de DEUS e de nossa MÃE SANTÍSSIMA, revestindo o espírito das pessoas de uma profunda confiança e de muita tranquilidade, revigorando a disposição e estimulando a vontade, além de proporcionar uma agradável alegria interior. Por esse motivo, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, o Papa decidiu acrescentar mais “um Terço” na oração do Rosário, o Terço dos "Mistérios Luminosos" , contemplando outros Mistérios do Evangelho do SENHOR, que não tinham sido incluídos anteriormente. Assim sendo, o Rosário atualmente é composto de “quatro Terços”, Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos, Mistérios Gloriosos e Mistérios Luminosos.

Outra manifestação importante do Papa João Paulo II se refere à chegada do ano 2000. Esta data sempre esteve presente no seu pensamento e na sua expectativa pessoal. E não simplesmente pela mudança do milênio, mas porque aquela data histórica coincidia com a celebração dos 2 mil anos do nascimento de JESUS e portanto, deveria constituir a ocasião propícia para uma profunda renovação espiritual e moral da comunidade católica. E este desejo existia em seu coração, desde quando era Arcebispo em Cracóvia. Através da Encíclica “Redemptor Hominis” , antecipou a sua decisão de anunciar um Grande Jubileu, que envolveria não apenas os cristãos, mas de alguma forma toda humanidade. Convocou os católicos para um exame de consciência de forma a realizar uma transformação radical de vida e também, que abrissem o coração para receber todos os irmãos, numa conotação fortemente ecumênica.

De fato, nas intenções do Santo Padre seria um momento providencial para acertar as contas com o passado, para purificar a memória de todos os erros, culpas e testemunhos negativos dos quais os cristãos foram responsáveis ao longo dos séculos. È suficiente, como exemplo, lembrarmos de tudo o que aconteceu nas Cruzadas.

Isso poderia, portanto, favorecer um diálogo aberto e honesto com as outras Igrejas cristãs e com as outras religiões. Todavia, o que era mais importante para o Papa, era que se “pedisse perdão sem querer nada em troca” . Ele dizia que a gratuidade do gesto era a condição indispensável para a sua credibilidade e para a sua eficácia.

O seu Secretario Particular relata: “Mas antes dele iniciar este caminho de assumir a mea-culpa quis saber o que O Evangelho dizia sobre o assunto. O que JESUS faria nesta circunstância? E vendo tudo pela ótica da fé, aceitando como sinal da Divina Providência, tomou aquela decisão com serenidade”.

No inicio, apesar de haverem muitas pessoas que não estavam de acordo, havia também aquelas que o apoiava. A verdade é que aos poucos as resistências e perplexidades foram desaparecendo e aquele procedimento corajoso e sincero, abriu as portas do diálogo ecumênico e inter-religioso com todas as nações.

E para culminar e coroar aquele gesto do Sumo Pontífice, em 12 de Março de 2000, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, realizou-se o “Dia Jubilar do Perdão”. E ele também estava presente e presidiu a cerimônia. Pela primeira vez, a Igreja inteira implorou a misericórdia de DEUS pelos pecados e omissões que mancharam os cristãos. Com emoção e de modo vibrante, o povo e todas as autoridades se comprometeram com cinco solenes “nunca mais”, a nunca mais trair o Evangelho e o respeito à Verdade.

AQUELES DOIS TIROS"



Até hoje ficamos pensando estarrecidos de espanto, como alguém pode chegar a tal ponto, de querer matar um Papa! Um homem que somente prega o bem e a paz, ajudando a humanidade em suas necessidades, reagindo contra a exploração, a tirania e a vaidade dos poderosos! Na verdade, um crime em si, já é uma atitude perversa e abominável! Matar um homem como o Papa João Paulo II é sem dúvida, uma loucura satânica, aliada a uma desumana covardia, que só encontra manifestação em mentes doentias, ambiciosas e dominadas pelo maligno.

João Paulo II estava em pé na parte de trás do jipe, que lentamente circulava pela Praça São Pedro, no Vaticano. O veiculo fez uma pausa e o Santo Padre se inclinou em direção a uma pequena menina loura que estava lhe estendendo as mãos. Chama-se Sara e tinha apenas dois anos de idade. Ela apertava entre os dedos da mão direita o fio de um balãozinho colorido inflado. O Papa a segurou nos braços, suspendeu-a, como se quisesse que todos a vissem, depois a beijou e, sorrindo, devolveu-a aos pais.

Eram 17h19min e o povo, nas proximidades, que presenciaram a cena, sorriam felizes participando da alegria daqueles pais. De súbito, um primeiro disparo. No mesmo momento, centenas de pombas voaram pelo espaço como se estivessem assustadas. E sem que houvesse tempo para um raciocínio, aconteceu o segundo tiro, e o Papa começou a cair de lado, encima do Cardeal Stanislaw, o seu Secretário Particular, que descreve o acontecimento: “Instintivamente olhei para o local de onde partiram os disparos. Havia um tumulto, um jovem de traços escuros se debatia, e só depois eu viria saber, que se tratava do agressor, um turco, Mehmer Ali Agca. Tentei sustentar o Papa, mas ele se abandonava suavemente. Perguntei: "Onde foi?" Respondeu: "No ventre". "Está doendo?" "Sim, dói". A primeira bala devastou o seu abdômen, perfurando o cólon, dilacerando em vários pontos o intestino delgado, e depois saiu, caindo no carro. A segunda bala, depois de passar de raspão pelo cotovelo direito e fraturar o dedo indicador da mão esquerda, feriu duas turistas americanas”.

“Alguém gritou para irmos até a ambulância. Mas a ambulância estava do outro lado da Praça. O jipe arrancou em plena velocidade e desceu rapidamente o pátio do Belvedere em direção ao Faz, os Serviços de Atendimento Urgente do Vaticano, onde, avisado nesse meio-tempo, já se encontrava o Dr. Renato Buzzonetti, médico pessoal do Papa”.

Saia muito sangue da ferida e, o médico decidiu leva-lo imediatamente para o Hospital Gemelli. A ambulância partiu a plena velocidade, porque a vida de João Paulo II se extinguia lentamente. Quando chegou ao Hospital, ele perdeu a consciência e desmaiou. Descreve o Secretário Particular: “Compreendi que sua vida corria um grande risco. Os próprios médicos que realizaram a operação me confessaram, mais tarde, que o operaram sem acreditarem na sobrevivência do Papa. Havia problemas com a pressão sanguínea e com os batimentos cardíacos. Entretanto, para mim, o pior momento foi quando o Dr. Buzzonetti se aproximou e me pediu para ministrar ao Santo Padre a Unção dos Enfermos. Fiz isso imediatamente, mas com o coração despedaçado, acreditando que não havia mais nada a fazer. Depois de cinco horas de operação, alguém se aproximou de mim, não me lembro do rosto, e me disse que a operação tinha terminado que tudo tinha corrido bem e, que por isso, aumentavam as esperanças de vida”.

“Os primeiros três dias foram terríveis. O Santo Padre rezava continuamente. E sofria, sofria muito. E sabendo da morte de seu grande amigo Cardeal Wyszynski, Primaz da Polônia, ainda sofreu muito mais”.

Semanas após deixou o Gemelli e voltou ao Vaticano. Todavia, tendo ocorrido algumas complicações na sua recuperação, o Papa foi obrigado a ser internado novamente no Hospital, até que em 14 de Agosto, véspera da Festa da Assunção de NOSSA SENHORA aos Céus, ele pode voltar definitivamente para casa.

Todavia, antes do regresso ao lar, no período em que começou a apresentar uma melhora acentuada no Hospital Gemelli, Sua Santidade recordava as Aparições de NOSSA SENHORA em Fátima, quando nossa MÃE SANTÍSSIMA transmitiu Mensagens aos três pequeninos pastores em benefício de toda humanidade e disse um “Segredo”, que a Irmã Lúcia guardou e na época oportuna, escreveu e o enviou numa carta ao Papa, a qual estava guardada no Arquivo da Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano. Agora, sentindo-se mais forte, João Paulo II começou a refletir sobre aquelas Aparições em Fátima e os últimos acontecimentos em sua vida, justamente por causa da singular coincidência: foi no 13 de Maio de 1917 a Primeira Aparição de NOSSA SENHORA e foi no 13 de Maio de 1981, o dia em que tentaram mata-lo na Praça do Vaticano. E vejam outra coincidência: o ano das Aparições de NOSSA SENHORA, quando ela revelou o Segredo a Irmã Lúcia foi em 1917 e o atentado ao Papa em 1981, ou seja, invertendo 81 dá 18, como se fosse 1918, ou seja, em continuação de 1917. Aquela semelhança de data o deixou curioso e então, ainda no Gemelli, decidiu e pediu para ver o texto escrito pela Irmã Lúcia, sobre o“Terceiro Segredo de Fátima”.

Descreveu o Secretário Particular do Papa: “No dia 18 de Julho de 1981, o então Prefeito da Congregação, Cardeal Franjo Seper, entregou ao Monsenhor Eduardo Martinez Somalo (substituto da Secretaria de Estado) dois envelopes, um com o texto original da Irmã Lúcia, em português e, o outro, com o texto traduzido em italiano. Monsenhor Martinez os levou ao Gemelli e entregou ao Papa. Depois de ler o Segredo, não teve mais dúvida: naquela visão da Irmã Lúcia reconheceu o seu próprio destino e se convenceu de que a sua vida foi salva, ou melhor, lhe fora novamente dada, graças à intervenção de NOSSA SENHORA, que o protegera. É verdade que a Irmã Lúcia escreveu dizendo que na visão o bispo vestido de branco foi morto; mas, João Paulo II escapou de uma morte quase certa. Isto significa dizer que os acontecimentos da história, da existência humana, "não são necessariamente preestabelecidos". E que, portanto, existe uma Providência Divina, uma poderosa mão materna capaz de interferir e também fazer errar o mais perito profissional, que apontou a sua arma com a certeza de matar”.

“Uma mão disparou, e outra guiou a bala”, dizia o Santo Padre.

Aquela bala foi guardada e levada pelo Santo Padre à Fátima. Foi incrustada na coroa de ouro de NOSSA SENHORA DE FÁTIMA que se encontra na redoma de vidro da Capelinha das Aparições.



“QUEM ARMOU AQUELA MÃO ASSASSINA?”



Ainda é um mistério, mas existem fortes indícios reveladores que apontam na direção dos culpados.

Em 27 de Dezembro de 1983, o Papa quis se encontrar com aquele homem, queria entender o seu procedimento e as suas razões, e também, queria conceder-lhe o perdão e uma bênção para invocar a sua conversão. E num cômodo simples da prisão de Rebibbia, sentado ao lado de Ali Agca, com a cabeça virada para ouvi-lo melhor, o Papa se surpreendeu ao ouvir aquela pergunta: “Por que o senhor não morreu? Sei que mirei certo. Sei que o projétil era devastador e mortal. Então por que o senhor não morreu”?

Revelou o Secretário Particular: “Não assisti a conversa diretamente, pois estava a alguns metros de distância. Mas, a minha interpretação, é que Ali Agca, um assassino profissional, estava angustiado porque existiam forças poderosas e invisíveis, que o haviam superado e não lhe permitiu cumprir a sua funesta missão. Ele estava atemorizado pela existência de tais forças. Descobriu também que não havia apenas uma Fátima, filha de Maomé, mas que também existia aquela que ele começou a chamar de A Deusa de Fátima. E temia como ele mesmo disse que, aquela Deusa tão poderosa se zangasse com ele e o eliminasse”.

E toda a conversa transcorreu naquele tema. O Papa triste e decepcionado em presenciar aquele tipo estranho de manifestação, ficou silencioso para ouvir tudo o que Ali Agca queria dizer. Aquilo ficou gravado em sua mente e muitas vezes, lembrou-se daquele encontro, com grande preocupação e tristeza, porque nunca ouviu aquele homem pronunciar as palavras: “Me perdoe” Então, aquele encontro foi suficiente para esclarecer as suas dúvidas e os acontecimentos da Praça São Pedro ficaram totalmente transparentes: Ali Agca era um assassino profissional, vivia daquilo e se orgulhava de fazer bem feito todos os serviços para os quais era contratado. Então ficou evidente que aquele atentado não foi uma iniciativa particular dele, mas de outra pessoa, que idealizou o crime e o contratou para executar o plano de morte.

Os Jornais noticiaram que o Papa recebeu informações preciosas sobre quem arquitetou o seu atentado… Sobre o assunto, o Cardeal Stanislaw, Secretário Particular disse: “Falou-se muito de informações fornecidas por serviços secretos internacionais. Bem, posso garantir que nunca chegaram ao Papa. Os Cardeais Casaroli (Secretário de Estado), Silvestrini (então Secretário do Conselho para Negócios Públicos) e Martinez Somalo (naquele tempo substituto) declararam nunca terem recebido e nem ouvido qualquer informação, a respeito do atentado. O Santo Padre chegou a aquela conclusão não porque tivesse recebido informações específicas, mas por dedução própria. Verdadeiramente ocorreu um complô para matá-lo. Alguém o considerava um homem perigoso e incômodo que precisava ser eliminado. Seguindo as várias pistas que se evidenciavam, todas, sem exceções, conduziam direta ou indiretamente a KGB russa”.

Trata-se de um fato indiscutível. A eleição pontifícia de Karol Wojtyla provocou uma enorme perturbação nos países da “Cortina de Ferro” e principalmente em Moscou. Porque aquele Papa estava contribuindo de modo decisivo para a queda do comunismo na sua Polônia, ao apoiar diretamente Lech Walesa e o Sindicato Solidariedade. Em consequência, Sua Santidade estava ajudando efetivamente a desmoronar o “Muro de Berlin” e toda a “Cortina de Ferro”, porque sempre foi um mensageiro da paz e um combatente dos Direitos do Homem, contra a violência e a intolerância, e por isso mesmo, era um fervoroso defensor dos mais pobres e dos oprimidos. Estas verdades incomodaram os Comunistas e porisso, planejaram assassinar o Papa João Paulo II.

O PONTIFICADO "



Desde o inicio do seu Pontificado, respeitou com humildade e tolerância todas ascrenças e religiões, assim como censurou os erros praticados no passado pelo catolicismo. Demonstrou humanidade e uma capacidade invulgar para julgar as fraquezas humanas, ao ter a coragem e a capacidade de pedir perdão pelos erros e pecados cometidos pela Igreja em outras épocas, abrindo os braços para um diálogo honesto e sincero, que propiciasse a união dos povos e a permanência da paz em todos os corações.

João Paulo II revestiu o seu mandato com uma característica toda pessoal, exercitava paternalmente e com muita firmeza a doutrina cristã e fazia prevalecer a tradição em todos os temas que agitam a sociedade, mantendo as diretrizes da moral conforme os ensinamentos da Lei de DEUS. Não acolheu a ordenação de mulheres; manteve o celibato para os sacerdotes; não legalizou o divórcio e as separações matrimoniais; condenou os “gays” e lésbicas, assim como todas as uniões ilegítimas; condenou o aborto e o considerou um crime bárbaro contra a humanidade e contra a Lei de DEUS.

O Papa sempre pregou a honesta e sincera reciprocidade entre os casais: um não deve fazer aquilo que irá magoar, entristecer ou ofender o outro. A fidelidade é a condição essencial e mais exigida, para que exista harmonia entre ambos e seja aberto o espaço para a felicidade conjugal.

Com a experiência vivida em seu país, sentiu que o medo e a insegurança pairavam no coração dos cristãos. A busca da verdade, as incertezas no trabalho, a dificuldade em caminhar sob as barreiras e as limitações do conhecimento e a ânsia pessoal em alcançar êxito, deixam a humanidade perplexa e sempre em constante busca de “algo”, de alguma coisa ou de “algum outro caminho”, que possa servir de âncora para as suas realizações, para os empreendimentos, a segurança pessoal no viver cotidiano, a fim de alcançar as vitórias, as conquistas, inclusive a salvação definitiva, arrancando a dúvida e a desconfiança que querem criar raízes no interior do coração. Ele conseguiu com um profundo discernimento vislumbrar esta necessidade humana, e desde o limiar do seu Ministério na Sé de Pedro repetiu as palavras de CRISTO, lançando a exortação Divina: “Não tenham medo”! Não tenham medo da verdade, não tenham medo de DEUS, aproximem-se corajosamente com suas orações, com as suplicas e, sobretudo, com um imenso, dedicado e perseverante amor. Confiem e sejam fiéis. Aquelas palavras tinham também o objetivo de infundir força e coragem, em especial às nações reduzidas à escravidão e às quais ele anunciava a liberdade.

“A humanidade é sempre a mesma. Os sistemas que ela cria são sempre imperfeitos, e tanto mais imperfeitos, quanto mais as pessoas estejam seguras de si. De onde se origina isto? Pergunta o Papa. Vem do nosso coração. O nosso coração está inquieto; o próprio CRISTO conhece esta nossa angústia, melhor do que cada um de nós”. “ELE sabe o que há em nós”. (Jo 2,25)

A nossa caminhada existencial é repleta de surpresas e imprevistos, por isso mesmo, João Paulo II recomendava: “Cultivai a oração com fé e disponibilidade”. A Oração sempre nos coloca diante de DEUS, e mesmo não sabendo pedir e suplicar o que necessitamos, como escreveu o Apóstolo São Paulo: “O ESPÍRITO vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos pedir o que nos convêm. O próprio ESPÍRITO é que advoga por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8,26)

“A Oração é uma Obra ou Trabalho da glória”, disse o Papa. Além de pedir, o fiel deve saber agradecer, assim como, deve saber implorar para obter o perdão de todos os seus pecados. Da mesma forma, deve-se rezar pelas vocações, não apenas sacerdotais e religiosas, mas também “pelas muitas vocações à santidade entre o povo de DEUS, no seio do laicato”. O Evangelho é antes de tudo, a “alegria da Criação”. Por sua vez, a “alegria da Criação” é completada pela “alegria da Salvação” e pela “alegria da Redenção”. Na Vigília da Páscoa a Igreja canta com toda alegria: “Ó feliz culpa, que nos fez merecer tal e tão grande Redentor”. Assim sendo, concluindo o seu raciocínio, o Papa nos faz compreender que o motivo maior de nossa alegria é possuir a força, através da oração, para vencer o mal e acolher a filiação Divina que constitui a essência da Boa Nova. Muito embora, esclarece Sua Santidade, a alegria da vitória sobre o mal, não ofusca a “realística consciência da existência do mal no mundo e na humanidade”. Daí a necessidade do fiel ser autêntico e “não ter medo” de rezar, de pedir ajuda, de viver em comunhão de amor com DEUS, de acreditar na força do ESPÍRITO SANTO e de crer que o Papa é o continuador da Missão dos Apóstolos, por determinação e escolha de CRISTO, conforme a vontade do PAI ETERNO.

A primeira metade do seu pontificado ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países da Europa do Leste e do mundo. Na segunda metade foi relevante a sua crítica ao mundo ocidental capitalista, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres.

Com 26 anos e 5 meses de pontificado, é o terceiro mais longo da história da Igreja Católica. O mais longo foi o de São Pedro Apóstolo que dirigiu a Igreja aproximadamente por 37 anos; e quem está em segundo lugar, pela longevidade, é o Papa Pio IX que governou a Igreja durante 31 anos e sete meses. Alguns números que se destacam de modo impressionante são aqueles das viagens pastorais que João Paulo II realizou fora da Itália; foram cerca de 104 viagens, visitando 129 países e mais de 1.000 localidades, onde presidiu cerimônias de beatificação (147) e 51 canonizações, nas quais foram proclamados 1.338 beatos e 482 santos.

O Papa Wojtyla teve excelentes colaboradores e entre eles o Cardeal Joseph Ratzinger. Ele foi escolhido em 1981 para Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e permaneceu no cargo durante 23 anos até o falecimento do Papa. Era um velho amigo de João Paulo II e compartilhava com as mesmas posições ortodoxas do Papa, ou seja, era fiel a doutrina e a Verdade Cristã. Como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé era um dos Cardeais mais influentes e defensor intransigente do catolicismo, e por isso mesmo, respeitado por toda a Cúria Romana.

João Paulo II promoveu e incentivou a aproximação com as outras grandes religiões monoteístas do mundo. Entretanto, também enfrentou acusações bizarras, como aquela de "proselitismo agressivo" feitas pelo mundo ortodoxo. A reconciliação com os judeus marcou a sua viagem à Terra Santa em Março de 2000, e também, representou uma mudança radical entre as duas religiões, criando condição para uma verdadeira coexistência pacífica e um intercâmbio profícuo e proveitoso.

Também estimulou o diálogo inter-religioso, o ecumenismo e o cultivo da paz, sendo o primeiro Sumo Pontífice a visitar o Muro das Lamentações em Jerusalém no dia 26 de Março de 2000, onde, num gesto admirável de perfeita humildade, pediu perdão pelos erros e crimes cometidos pelos filhos da Igreja no passado. Foi o primeiro Papa a pregar numa Sinagoga Judaica, a entrar numa Mesquita (em Damasco, na Síria), e a promover as jornadas ecumênicas de reflexão pela paz em Assis, na Itália, congregando todas as religiões numa Oração Mundial pela Paz. Foi o primeiro Papa a realizar uma visita à Grécia, desde a separação das Igrejas Católica e Ortodoxa no Cisma de 1.054.

João Paulo II, também determinou a devolução à Igreja Ortodoxa Russa do Ícone de “NOSSA SENHORA DE KAZAN”, a “Theotokos” e sempre VIRGEM MARIA. No dia 28 de Agosto de 2004, quando eles comemoraram a "Solenidade da gloriosíssima Dormição da Theotokos", a delegação representativa da Igreja Católica, chefiada pelo Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, entregou o Ícone, depois de um solene ofício na Catedral da Dormição no Kremlin, em Moscou, cuja cerimônia contou com a participação numerosa dos fiéis.

Foram 14 as Encíclicas ou Cartas Encíclicas escritas por João Paulo II, que são documentos dirigidos a todos os Bispos e em consequência, a toda humanidade.

Pela ordem de emissão, temos:

1) “Redemptor hominis”(O Redentor do Homem) – Escrita entre 25/Fevereiro a 4/Março de 1979 – Explica a relação entre a Redenção alcançada por CRISTO para todas as gerações e a dignidade humana.

2) “Dives in Misericórdia” (Rico em Misericórdia) – Escrita em 2/Dezembro de 1979 – Ensina minuciosamente sobre a Bondade e a grandeza da Misericórdia de DEUS PAI, eterno CRIADOR.

3) “Laborem Exercens” (Exercendo o Trabalho) – Escrita em 14/Setembro de 1981 – Aprofunda o estudo sobre a necessidade do Trabalho, em seus diversos aspectos e ramos, para que seja realizado com dignidade.

4) “Slavorum Apostoli” (Os Apóstolos dos Eslavos) – Foi escrita em 2/Junho de 1985 - Sobre os Santos Cirilo e Metódio, padroeiros dos Povos Eslavos.

5) “Dominum et Vivificantem” (O Senhor que dá a Vida) – Escrita em 30/Maio de 1986 – Sobre o ESPÍRITO SANTO na Vida da Igreja e do Mundo.

6) “Redemptoris Mater” (A Mãe do Redentor) – Escrita em 25 de Março de 1987 – Sobre a Bem-Aventurada VIRGEM MARIA na Vida da Igreja que está a Caminho.

7) “Sollicitudo Rei Socialis”(Solicitude pelas coisas Sociais) – Escrita em 19/Fevereiro de 1988 - Sobre a reafirmação do papel da Igreja nas questões sociais.

8) “Redemptoris Missio” (A Missão do Redentor) – Escrita em 22/Janeiro de 1991 - Sobre o mandato missionário de CRISTO à Sua Igreja.

9) “Centesimus Annus” (O Centésimo Ano) – Escrita em 1/Maio de 1991 - Sobre a questão social: o Trabalho, o Capital e o Ensino. No 100º aniversário da encíclica “Rerum Novarum” (escrita pelo Papa Leão XIII em 1891, sobre a condição dos operários).

10) “Veritatis Splendor”(O Esplendor da Verdade) – Escrita em 5/Outubro de 1993 – Sobre os fundamentos da moral católica.

11) “Evangelium Vitae” (O Evangelho da Vida) – Escrita em 30/Março de 1995 - Sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana.

12) “Ut Unum Sint” (Para que todos sejam Um) – Escrita em 30/Maio de 1995 – Sobre o empenho a fim de que haja o ecumenismo.

13) “Fides et Ratio” (A Fé e a Razão) – Escrita em 15/Outubro de 1998 - Sobre as relações entre a fé e a razão. Condena o ateísmo e a fé sem razão, e afirma a posição da filosofia e da razão na religião.

14) “Ecclesia de Eucharistia” (A Igreja da Eucaristia) – Escrita em 17/Abril de 2003 – Sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.

Também escreveu diversas Exortações Apostólicas e um precioso Documento sobre a Mulher, a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”, publicada em 15 de Agosto de 1988, sobre a dignidade e vocação da mulher, que se insere no contexto da promoção da mulher e na defesa da sua dignidade.

João Paulo II sempre foi um apaixonado pela MÃE DE DEUS. A VIRGEM MARIA sempre ocupou um espaço tão grande em seu coração, que no brasão papal colocou o lema “Totus Tuus” (Sou todo teu, Maria)

A oração do Rosário sempre foi uma das preferidas de Sua Santidade. A meditação dos Mistérios nos transporta para junto de DEUS e de nossa MÃE SANTÍSSIMA, revestindo o espírito das pessoas de uma profunda confiança e de muita tranquilidade, revigorando a disposição e estimulando a vontade, além de proporcionar uma agradável alegria interior. Por esse motivo, inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, o Papa decidiu acrescentar mais “um Terço” na oração do Rosário, o Terço dos "Mistérios Luminosos" , contemplando outros Mistérios do Evangelho do SENHOR, que não tinham sido incluídos anteriormente. Assim sendo, o Rosário atualmente é composto de “quatro Terços”, Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos, Mistérios Gloriosos e Mistérios Luminosos.

Outra manifestação importante do Papa João Paulo II se refere à chegada do ano 2000. Esta data sempre esteve presente no seu pensamento e na sua expectativa pessoal. E não simplesmente pela mudança do milênio, mas porque aquela data histórica coincidia com a celebração dos 2 mil anos do nascimento de JESUS e portanto, deveria constituir a ocasião propícia para uma profunda renovação espiritual e moral da comunidade católica. E este desejo existia em seu coração, desde quando era Arcebispo em Cracóvia. Através da Encíclica “Redemptor Hominis” , antecipou a sua decisão de anunciar um Grande Jubileu, que envolveria não apenas os cristãos, mas de alguma forma toda humanidade. Convocou os católicos para um exame de consciência de forma a realizar uma transformação radical de vida e também, que abrissem o coração para receber todos os irmãos, numa conotação fortemente ecumênica.

De fato, nas intenções do Santo Padre seria um momento providencial para acertar as contas com o passado, para purificar a memória de todos os erros, culpas e testemunhos negativos dos quais os cristãos foram responsáveis ao longo dos séculos. È suficiente, como exemplo, lembrarmos de tudo o que aconteceu nas Cruzadas.

Isso poderia, portanto, favorecer um diálogo aberto e honesto com as outras Igrejas cristãs e com as outras religiões. Todavia, o que era mais importante para o Papa, era que se “pedisse perdão sem querer nada em troca” . Ele dizia que a gratuidade do gesto era a condição indispensável para a sua credibilidade e para a sua eficácia.

O seu Secretario Particular relata: “Mas antes dele iniciar este caminho de assumir a mea-culpa quis saber o que O Evangelho dizia sobre o assunto. O que JESUS faria nesta circunstância? E vendo tudo pela ótica da fé, aceitando como sinal da Divina Providência, tomou aquela decisão com serenidade”.

No inicio, apesar de haverem muitas pessoas que não estavam de acordo, havia também aquelas que o apoiava. A verdade é que aos poucos as resistências e perplexidades foram desaparecendo e aquele procedimento corajoso e sincero, abriu as portas do diálogo ecumênico e inter-religioso com todas as nações.

E para culminar e coroar aquele gesto do Sumo Pontífice, em 12 de Março de 2000, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, realizou-se o “Dia Jubilar do Perdão”. E ele também estava presente e presidiu a cerimônia. Pela primeira vez, a Igreja inteira implorou a misericórdia de DEUS pelos pecados e omissões que mancharam os cristãos. Com emoção e de modo vibrante, o povo e todas as autoridades se comprometeram com cinco solenes “nunca mais”, a nunca mais trair o Evangelho e o respeito à Verdade.

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