segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A vida do Padre José de Anchieta


A vida do Padre José de Anchieta
Um dos fundadores de São Paulo!

A família de José de Anchieta era de guerreiros aguerridos. Um de seus irmãos defendeu o estandarte de Tércios de Flandres, que lutavam até a morte pela unidade religiosa nos campos da Espanha. Outro, missionário, adentrou pelas terras ao norte do Rio Grande, hoje território norte-americano, e seu primo o antecedeu nas missões jesuíticas ao Brasil. José, por tradição, era destinado a ser soldado. Mas seu pai, vendo o menino acanhado e versejando poesias em latim já aos nove anos de idade, reconheceu que ele não manifestava a mínima aptidão para a carreira militar.



Decidiu matriculá-lo no Colégio das Artes da Companhia de Jesus em Portugal. A disciplina e a noção do dever dos jesuítas - Inácio de Loyola, o fundador da Companhia, era, ele sim, um militar - deveria bastar à formação do garoto. Não sendo soldado de armas, José de Anchieta seria soldado da fé. O garoto não frustaria os anseios de seu pai. Pregando em terras distantes, onde os relatos de seus milagres se multiplicaram, ele ainda pode vir a ser canonizado. Seria a culminação de um percurso religioso que começou aos 14 anos, quando foi para o colégio em Coimbra.

Tinha tanta facilidade em compor versos em latim quanto problemas por sua fraca saúde, que necessitava sempre de cuidados. Alguns biógrafos dizem que sofria de dores na coluna vertebral, já andava arqueado. Outros garantem que uma escada da biblioteca do colégio caiu-lhe nas costas e, com o correr dos anos, as conseqüências do acidente o deixaram quase corcunda.

Foi para aliviar tantos padecimentos que seus superiores conjeturaram sob a viabilidade de mandá-lo para um clima ameno - o das Índias brasílicas, como era conhecido o Brasil. Servir a Deus no Novo Mundo era sonho dos jovens religiosos da Companhia de Jesus e José aceitou a ordem com a determinação dos que cumprem uma missão divina.

Tinha dezenove anos de idade quando chegou a Salvador, na Bahia, depois de dois meses de viagem, em 13 de julho de 1553. Ficou ali por pouquíssimo tempo. Manoel da Nóbrega, vice-provincial da Capitania de São Vicente, onde se encontrava a pequena aldeia de Piratininga, precisava de sua ajuda.

Ele sabia da sua competência em ler e escrever, e os jesuítas necessitavam urgentemente de tradutores e intérpretes para falar o tupi, língua dos índios do litoral brasileiro. Mais dois meses de viagem o aguardavam para chegar da Bahia ao planalto paulista. Um percurso que, mais do que a travessia do Atlântico em um galeão, fundou uma nova etapa na vida de José: a da aventura. Violentas tempestades sacudiram sua embarcação na altura de Abrolhos e o barco, com a s velas rotas e os mastros partidos, encalhou perto do litoral do Espírito Santo.

A nau que o acompanhava perdeu-se nas vagas e foi com seus destroços que a tripulação pôde consertar os estragos e retomar a viagem. Mas, antes que isso ocorresse, o pânico tomou conta dos passageiros - na praia, poderiam estar esperando os índios tamoios, conhecidos antropófagos.

Destemido, Anchieta desceu à terra junto com os marinheiros, à procura de mantimentos. Foi seu primeiro contato com os índios. Não se sabe muito bem o que aconteceu, já que os biógrafos não entram em detalhes, mas é certo que ninguém no barco foi molestado.

Depois do sobressalto, ao desembarcar, o pesadelo apenas começava. Para chegar do mar à aldeia de Piratininga, cerca de mil metros acima, em um planalto, José tinha de percorrer o que foi chamado por seus biógrafos como "o pior caminho do mundo" : uma picada em meio à Mata Atlântica, que Anchieta fez muitas vezes à pé, pois cavalgar danificava sua coluna.

Era verão, época das chuvas, calor e, principalmente, mosquitos. Sua visão das terras de São Vicente e Piratininga, foi relatada em carta aos seus superiores. Dizia ele das onças: "Essas (malhadas ou pintadas) encontram-se em qualquer parte (...) São boas para comer, o que fizemos algumas vezes". Dos jacarés: "Também há lagartos nos rios, que se chamam jacarés, de extraordinário tamanho de modo a poder engolir um homem" . Ou sobre as jararacas: "São muito comuns nos campos, bosques e até nas próprias casas, nas quais as encontramos tantas vezes" .

José fala ainda dos mosquitos que "sugando o sangue, dão terríveis ferroadas", das poderosas tempestades tropicais e inundações de dezembro. Apesar dos transtornos, a luxuriante beleza da Serra do Mar deve tê-lo impressionado, pois escreveu, anos depois, um tratado sobre as espécies animais e vegetais que poderiam ser encontradas no Brasil, numa iniciativa pouco comum entre os jesuítas.

Mas seu tema principal foram mesmos os índios" : Toda essa costa marítima, de Pernambuco até além de São Vicente, é habitada por índios que, sem exceção, comem carne humana; nisso sentem tanto prazer e doçura que freqüentemente percorrem mais de 300 milhas quando vão à guerra.

E, se cativarem quatro ou cinco dos inimigos, regressam com grandes vozearias, festas e copiosíssimos vinhos que fabricam com raízes e os comem de maneira que não perdem nem sequer a menor unha". Anchieta se chocaria, como outros cronistas da época, com a liberdade sexual dos indígenas: "... as mulheres andam nuas e não sabem negarem-se a ninguém, mas até elas mesmas cometem e importunam os homens, jogando-se com eles nas redes, porque têm por honra dormir com os cristãos". Apesar do espanto, em pouco tempo, José aprendeu a conhecer as particularidades da terra e da gente de seu novo lar.

A Europa renascentista do séculos 16 fica para trás, já que Anchieta nunca voltaria a rever o Velho Mundo. Um mês depois de sua chegada, em 25 de janeiro de 1554, foi inaugurado o colégio jesuíta da Vila de Piratininga, data hoje comemorada como fundação de São Paulo.

Escreveu Anchieta: "Celebramos em paupérrima e estreitíssima casinha a primeira missa, no dia da conversão do apóstolo São Paulo, e por isso dedicamos a ele nossa casa". Ali moravam treze jesuítas que tinham a seu cargo duas aldeias de índios com quase mil pessoas. O local tinha apenas 14 passos de comprimento e 10 de largura, incluindo escola, despensa, cozinha, refeitório e dormitório. Em resumo, era minúsculo.

Época de austeridade, tanto no espaço quanto nas vestes, as batinas de Anchieta eram feitas com as velas imprestáveis dos navios. Ele só dormia quatro a cinco horas por noite, pronto para se levantar se fosse preciso. Ensinava gramática em três classes diferentes, subia e descia montanhas para batizar ou catequizar e freqüentemente jejuava. Sua prontidão para levantar no caso de um imprevisto fazia sentido. Ele viu Piratininga ser atacada pelos tupis numa encarniçada luta que durou dois dias. Enquanto as mulheres e crianças se recolheram à igreja em vigília permanente, os jesuítas cuidavam dos mortos e feridos com ervas medicinais indígenas plantadas ao lado das cercar do Colégio.

Mas, com a ajuda dos índios convertidos, a vila resistiu e os tupis acabaram fugindo. Foram esses sustos eventuais, a aldeia de Piratininga florescia. José se aplicava em escrever divertidas peças de teatro que encenava para os índios e a formular a gramática da "língua mais usada na costa do Brasil", o tupi-guarani, que seria publicada em Coimbra, em 1595. Era a primeira gramática desde os gregos antigos, escrita por um ocidental, que não se baseava nas regras do latim. Naquela época, não passava pela cabeça dos colonizadores portugueses serem eles os intrusos e invasores das terras indígenas. Os jesuítas estavam ali para salvar aqueles homens da barbárie e reintegrá-los ao reino de Deus.

Foi essa missão que o levou, junto com Manoel da Nóbrega, à experiência talvez mais dramática e definitiva de sua vida. Aos 30 anos, Anchieta rumou para Iperoig, hoje Ubatuba, em São Paulo, para negociar com os bravios tamoios, aliados dos franceses. Os índios, defendendo seu território, atacavam as aldeias portuguesas do litoral e os prisioneiros eram simplesmente devorados. Ele passou dois meses numa choça de palha tentando a paz e uma troca de reféns. Quando as negociações chegavam a um impasse, as ameaças de morte começavam. Finalmente Manoel da Nóbrega, doente e coberto de chagas, seguiu para o Rio para enviar os prisioneiros. José se candidatou a ficar como refém.

O cativeiro foi uma dura prova para Anchieta. Ali, além de fome, frio e humilhações, pode ter passado pelo crivo da maior tentação: a da carne. Aos prisioneiros que iam ser devorados, os tamoios tinham por costume oferecer a mais bela jovem da tribo. O jesuíta havia feito o voto de castidade, ainda em Coimbra, aos 17 anos.

E seus biógrafos dizem que ele foi fiel a vida inteira. Talvez para fugir das tentações, José escreveu na areia de Iperoig as principais estrofes dos 5 786 versos de um poema em latim contando a história de Maria. E ganhou, aos poucos, a admiração dos tamoios por sua coragem e estranhos costumes, Quando eles ameaçavam devorá-lo, José retrucava com suavidade: "Ainda não é chegado o momento". E dizia a si mesmo, como contou depois, que primeiro deveria terminar o poema à virgem. Outros relatos asseguram que sua facilidade em levitar e a proximidade com os pássaros, que o rodeavam constantemente, teria assustado os tamoios, que o libertaram finalmente, depois de assegurar a paz. Anchieta, humilde, minimizava seus feitos. Quando lhe fizeram notar que os pássaros o cercavam, ele respondeu que eles também costumava voar sobre dejetos. Talvez tenha sido essa subserviente simplicidade que lhe rendeu tamanho respeito entre os índios.

Quando morreu, em 9 de julho de 1597, aos 63 anos, na aldeia de Reritiba (hoje Anchieta), no Espírito Santo, por ele fundada, os índios disputaram com os portugueses a honra de carregar seu corpo até a Igreja de São Tiago. Anchieta perambulou pelo litoral paulista, catequizando índios, batizando e ensinando. Reza a lenda que ele costumava abrigar-se para dormir numa pedra, conhecida como "cama de Anchieta" em Itanhaém. São numerosos os testemunhos de sua levitação durante êxtases místicos. Afirmam também que multiplicou alimentos, que comandava os peixes no mar. Já em 1617, o jesuíta Pêro Rodrigues foi nomeado para escrever sua biografia. Como muitos dos relatos eram apenas de testemunhas oculares e Roma precisaria de provas de um milagre de primeira ordem, para incluir Anchieta entre seus 2500 santos, o processo se arrastou durante séculos. Só em 1980 José foi honrado com a beatificação.

CRONOLOGIA DA VIDA DE JOSÉ DE ANCHIETA

1534 - Nasceu em San Cristobal de Laguna, Tenerife, Ilhas Canárias (Espanha) - 19 de março

1548 - Coimbra, Portugal - Matrícula na Universidade de Coimbra para aperfeiçoamento da língua latina

1549 - Coimbra, Portugal - Início de estudos eclesiásticos na Companhia de Jesus 1551 - Coimbra, Portugal - Ingresso como noviço na Companhia de Jesus

1553 - Brasil - Por conselho médico, em companhia do 2°. governador-geral, Duarte da Costa, desembarca na Capitania da Bahia - Início de estudos da língua dos indígenas - Segue para a Capitania de São Vicente

1554 - São Paulo do Campo de Piratininga [São Paulo] - Professor de latim, professor de índios e mamelucos; professor dos noviços que entraram para a Companhia de Jesus no Brasil - Participa, com outros jesuítas da fundação do Colégio dos Jesuítas, núcleo da cidade de São Paulo.

1563 - Ubatuba SP - Participa com o Padre Manoel da Nóbrega do Armistício de Iperoig, pacificando os índios (Confederação dos Tamoios) - Iperoig [Praia de Iperoígue, Ubatuba] SP

1563 a 1595 - São Paulo SP, Rio de Janeiro e Espírito Santo - Autor de poesia, teatro (em verso), prosa informativa e histórica.

1569 - Reritiba [Anchieta] ES - Reitor do Colégio de Jesus

1565 - Bahia

1566 - Rio de Janeiro RJ

1567 - Bahia

1569 - Reritiba [Anchieta] ES

1569 a 1577 - São Vicente SP

1577 a 1568 - Rio de Janeiro RJ

1586 a 1597 - Reritiba [Anchieta] ES

1597 - Reritiba, atual Anchieta ES - Morre em 9 de junho

Fonte: www.spmetropole.com

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

09 DE JUNHO

José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em São Cristóvão de Laguna, Tenerife, uma das ilhas do arquipélago das Canárias. Em 1548, Anchieta chegou ao Colégio das Artes e com 17 anos ingressou no noviciado.



Após estudar em Coimbra, Portugal, ingressou na Companhia de Jesus em 1551.

Em julho de 1553 deixou Portugal e veio para o Brasil na comitiva de Duarte da Costa, com o intuito de catequizar os índios.

Em 1554, fundou, com Manuel da Nóbrega, um colégio em Piratininga.

Aos poucos se formou um povoado ao redor do colégio, batizado por José de Anchieta como São Paulo. Algum tempo depois, é enviado a São Vicente, onde aprendeu a língua tupi.

José de Anchieta escreveu inúmeros autos, cartas e poesias de cunho religioso.

Além disso, resultante do seu trabalho de catequese, escreveu Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, primeira gramática da língua tupi-guarani.

A poesia escrita por José Anchieta está impregnada de conceitos morais, espirituais e pedagógicos. Por isso, sua linguagem é simples, apesar de ser escrita em redondilhas menores (cinco sílabas poéticas).

Em 1563, foi refém, durante cinco meses, dos índios tamoios.

Nesse período escreveu o poema em latim "De Beata Virgine Dei Matre Maria" e vários autos religiosos.

Já doente muda-se para o Espírito Santo, onde morreu aos 63 anos, na cidade de Reritiba, atual Anchieta.

Em 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo II.Neste local, hoje designado como Pátio do Colégio, encontra-se também a Capela de Anchieta, igreja erguida não só pelo Pe. Anchieta mas também pelo Pe. Manuel da Nóbrega, igreja esta que vem a desabar em 1896.

Entretanto, uma réplica desta igreja é construída.

Ali, pode hoje admirar-se esta nova igreja, assim como a Casa de Anchieta com objectos e imagens que, supõe-se, são pertença do beato.

Os alunos do Colégio são os filhos dos portugueses e os jovens religiosos da sua ordem, mas também os índios.

O Pe. Anchieta começa a estudar a língua indígena, compõe uma gramática e um vocabulário tupi, escreve também em tupi um opúsculo para os confessores e outro para assistir aos moribundos.

Para além destas obras, dedica-se também a escrever cantos piedosos, diálogos e autos segundo o estilo de Gil Vicente, e, por isso, é considerado o iniciador do teatro (Mysterios da Fe, dispostos a modo de diálogo em benefício dos índios é um exemplo das 12 peças de que há testemunho) e da poesia (De Beata Virgine Dei Matre Maria) no Brasil.

De destacar também as suas cartas para Portugal e Roma, importantes pelas informações que contêm sobre a fauna, a flora e a ictiologia brasileira.

Com Manuel da Nóbrega, contribui para a paz entre os portugueses e várias tribos índias, nomeadamente a mais feroz: a dos Tamoios.

Em Março de 1565 entra na Baía de Guanabara com o capitão-mor Estácio de Sá, onde estabelecem os fundamentos do que viria a ser a cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro.

Recebe as ordens sacras no final desse mês de Março na Baía, hoje cidade de Salvador.

De novo no Rio, em 1567 vai para S. Vicente como superior das casas da capitania, a de S. Vicente e a de S. Paulo, onde permanece até 1577, data em que é nomeado provincial do Brasil.

Em 1589 é já superior de Espírito Santo, onde fica até morrer.

O Pe. Anchieta acaba beatificado em Junho de 1980 pelo papa João Paulo II, beatificação esta, ao que parece, que a perseguição do marquês de Pombal aos jesuítas impede até então.

Fonte: www.vidaslusofonas.pt

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

09 DE JUNHO

José de Anchieta nasceu em 1534, em Tenerife, nas Ilhas Canárias. Ainda garoto, ingressou na Companhia de Jesus, onde desenvolveu uma profunda formação cultural e religiosa.

Desde cedo manifestou pendores literários, tendo sido poeta reconhecido em Coimbra. Escreveu contos, sermões e textos dramáticos. Expressava-se em latim, português, espanhol e tupi.



Padre José de Anchieta

Chegou ao Brasil em 1553, na comitiva do governador-geral Duarte da Costa, e em 1554, ao lado do Padre Manoel da Nóbrega, fundou a vila de São Paulo, tendo, inclusive, participado ativamente da sua defesa quando da invasão dos índios tamoios, logo após a fundação. Participou, também, da expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, em 1567.

É de sua autoria a primeira gramática da língua tupi, publicada em Coimbra em 1595.

José de Anchieta morreu em 9 de junho de 1597, em Reritiba (hoje Anchieta), no estado do Espírito Santo. Tinha 63 anos, 25 dos quais vividos no Brasil.

BIOGRAFIA DO PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

Nasceu na ilha de Tenerife, uma das ilhas Canárias dominadas pela Espanha no final do século XV, a 19 de março de 1534, dia de São José, motivo de seu nome. Filho de próspera família, tendo por pais Juan de Anchieta e Mência de Clavijo y Llarena, teve a oportunidade de estudar desde a mais tenra idade, provavelmente com os dominicanos. Aos quatorze anos iniciou seus estudos em Coimbra, no renomado Colégio de Artes, orgulho do rei Dom João III.



Lá recebeu uma educação renascentista, principalmente filológica e literária.

Com 17 anos de idade ingressou na Companhia de Jesus, ordem fundada por Inácio de Loyola em 1539 e aprovada por meio da bula Regimini Militantis Eclesiae em 1540, pelo papa Paulo III. No ano de 1553, no final de seu noviciado, fez seus primeiros votos como jesuíta. Assim, acabavam seus temores de não poder permanecer na Ordem por ter sido acometido de uma doença ósteo-articular logo após seu ingresso.

Aconselhado pelos médicos de que os ares do Novo Mundo seriam benéficos para sua recuperação, foi enviado em missão para o domínio português na América.

Veio ao Brasil com a segunda leva de jesuítas, junto com a esquadra de Duarte da Costa, segundo governador-geral do Brasil. Em 1554 participou da fundação do colégio da vila de São Paulo de Piratininga, núcleo da futura cidade que receberia o nome de São Paulo, onde também foi professor. Exerceu o cargo de provincial entre os anos de 1577 a 1587.

Escreveu cartas, sermões, poesias, a gramática da língua mais falada na costa brasileira (o tupi) e peças de teatro, tendo sido o representante do Teatro Jesuítico no Brasil.

Sua obra pode ser considerada como a primeira manifestação literária em terras brasileiras. Contribuiu, dessa maneira, para a formação do que viria a ser a cultura brasileira.

De toda a sua obra, destacam-se a Gramática da língua mais falada na costa do Brasil, De Gestis Mendi de Saa, Poema da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, Teatro de Anchieta e Cartas de Anchieta.

A coleção de Obras Completas do Pe. José de Anchieta é dividida sob três temáticas: poesia, prosa e obras sobre Anchieta; a publicação prevê um total de 17 volumes.



José de Anchieta faleceu na cidade de Reritiba (atual Anchieta) na Capitania do Espírito Santo, em 9 de junho de 1597. Graças ao seu papel ativo no primeiro século de colonização do Brasil, José de Anchieta ganhou vários títulos, tais como: “apóstolo do Novo Mundo”, “fundador da cidade de São Paulo”, “curador de almas e corpos”, “carismático”, “santo”, entre outros.

Assim, teve uma imagem construída de maneira heroicizada por seus biógrafos, já nos anos que se seguiram à sua morte.

As três primeiras biografias escritas em língua portuguesa foram: Breve relação da vida e morte do Padre José de Anchieta, de Quirício Caxa (1988), escrita em 1598, um ano após a morte de Anchieta, Vida do Padre José de Anchieta da Companhia de Jesus, escrita em 1607 por Pero Rodrigues (1988) e Vida do Venerável Padre José de Anchieta, de Simão de Vasconcelos(1953), escrita em 1672. As obras coevas, escritas por padres jesuítas, serviram ao longo processo que levou à beatificação de Anchieta em 1980.

Uma biografia contemporânea deve ser consultada: Anchieta, o apóstolo do Brasil, de Hélio Abranches Viotti (1980). Os dois maiores estudiosos de Anchieta foram os padres jesuítas Armando Cardoso (1997) e Murillo Moutinho (1999).

Este último publicou uma obra imprescindível para os estudos sobre o jesuíta: Bibliografia para o IV Centenário da Morte do Beato José de Anchieta: 1597-1997.

Junto com outros padres que, em oposição à Contra-Reforma, tinham a catequese como objetivo. Este movimento influenciou o teatro e a poesia, e acabou resultando na melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro.

Das suas contribuições culturais para o nosso país, podemos citar as poesias em verso medieval (destaque: Poema à Virgem), os que misturavam características religiosas e indigenas, a primeira gramática do tupi-guarani (a cartilha dos nativos), além da fundação de um colégio.

De acordo com o crítico Eduardo Portella, o trabalho de José de Anchieta deve ser entendido como uma manifestação da cultura medieval no Brasil, por conta de sua poesia simples e didática, da métrica e do ritmo por ele usados.

Além de Auto da Pregação Universal, Anchieta é considerado como sendo o autor de Na Festa de São Lourenço, também chamada de Mistério de Jesus e de outros autos.

Fonte: www.sampa.art.br

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

1533-1597

O padre José de Anchieta nasceu em São Cristóvão no ano de 1533, e faleceu em Iriritiba no Espírito Santo no dia 9 de julho do ano de 1597, foi o primeiro missionário a vir para o Brasil. Quando chegou, Anchieta tinha 20 anos. Veio na comitiva de D. Duarte da Costa, segundo Governador Geral.

No ano de 1554 Anchieta fundou o terceiro Colégio do Brasil, e no dia 25 de agosto foi celebrada a primeira missa no Colégio. Este lugar recebeu o nome de São Paulo; Anchieta construiu também um seminário de orientação perto do colégio.

José de Anchieta deu aulas de castelhano, latim, doutrina crista e a língua brasílica, lia e escrevia o idioma Tupi com muita facilidade, escreveu livros em Tupi, foi intérprete junto aos índios tamóios que estavam em batalha contra os portugueses. Nessa época Anchieta escreveu um poema dedicado a Virgem Maria, no ano de 1567 na expulsão dos Franceses que moravam no Rio de Janeiro Anchieta ajudou Estácio de Sá.

Para os índios era médico e sacerdote, cuidava das pessoas doentes e das feridas, da espiritualidade dos Índios.

Anchieta recebeu um preparo grande e um conhecimento elevado na Europa, na sua catequese usando teatro e da poesia, porque era mais fácil para aprender, merecidamente foi chamado de Apóstolo do Brasil; obras que escreveu: Poema em Louvor a Virgem Maria, Arte da Gramática da Lingua mais Conhecida na Costa do Brasil, e outras obras como História do Brasil. Seu nome completo é José de Anchieta.

Introdução do catolicismo em nosso país


Desde o início, a ação colonizadora portuguesa contou com a participação da Igreja Católica. Os jesuítas que vieram para o Brasil, a partir de 1549, foram responsáveis pela introdução do catolicismo em nosso país, catequização dos índios e educação dos filhos dos colonos.

Para a catequização, grandes contingentes de de índios eram confinados em missões (aldeamentos), onde os jesuítas procuravam (1) afastar os índios das antigas lideranças (2) converter o nativo ao cristianismo (3) evitar a escravização indígena pelos colonos. Em razão dos conflitos gerados entre colonos e missionários, Portugal resolveu expulsar do Brasil (em 1759) os padres jesuítas, e em seguida, confiscar todos os seus bens.

Além da destribalização e da mortandade em consequência de doenças trazidas pelos europeus, os índios brasileiros sofreram, mais tarde, um grande golpe desferido pelo Governo: por meio da Lei das Terras (1850) todas as poses de terras deveriam ser registradas em cartório. Vivendo nas matas e sem conhecimento (e meios) com os ingênuos nativos poderiam registrar suas terras? Os brancos (latifundiarios e grilheiros) festejaram!







Fig. 58 (Inácio de Loyola. Sacristia da Catedral de Salvador / BA).


Fundada por Inácio de Loyola(1), a Companhia de Jesus estabeleceu-se aqui no início da administração da Colônia com a missão de catequizar os indígenas segundos os objetivos da colonização. Além do trabalho catequético, os membros da Companhia tornaram-se os primeiros educadores brasileiros(2,3).





Fig. 59 (Padre Antônio Vieira). Arquivo Histórico Ultramarino. Lisboa / Portugal).


Intransigente defensor dos índios brasileiros. Padre Vieira foi o primeiro jesuíta a denunciar a exploração dos nativos pelos colonos e funcionários da Coroa. Segundo Vieira, os portugueses foram responsáveis pelo extermínio de milhares de índios, logo no ínicio da colonização.








Fig. 60 (José de Anchieta). Obra de Ednardo Sá. Museu Histórico Nacional. Rio / RJ).


Diante das dificuldades para a conversão dos índios adultos, Anchieta e seus companheiros preferiram ensinar os princípios da fé católica às crianças. Dessa maneira, os curumins levavam então aos adultos o que aprendiam com os catequistas.











Fig. 61 (São Francisco de Assis e seus irmãos falando com as aves). Convento de Santo Antônio. Igaraçú / PE)


Além dos Jesuítas(4), outras ordens religiosas, em menor escala, foram autorizadas a cuidar da alma dos brasileiros: os Franciscanos (voltados para a assistência espiritual dos moradores das vilas e seus escravos), os Carmelitas (pedintes descalços, receptivos a doações de terras, casas, gado e escravos), os Beneditinos (detentores de extensas fazendas), os Mercedários (dedicados à catequização dos indígenas da Amazônia, transformados, depois, em ricos fazendeiros) e Capuchinhos (especializados no apostolado popular). A obra religiosa no Brasil encerrava uma grande contradição: não admitia a escravidão do índio, porém, era a favor da utilização do trabalho escravo africano.







Fig. 62 (Aldeia de Tapuya. Prancha de Johann Moritz Rugendas. Coleção P. M. Bradi. São Paulo / SP).


A serviço da Fé Católica e da Coroa Portuguesa, a Companhia de Jesus procurava alcançar dois objetivos: um missionário (através da fundação de missões indígenas) e outro educacional (pela organização de colégios, que foram a base de toda a cultura do Brasil colonial). No plano educativo, a ação dos jesuítas concentrava-se nos colégios e seminários. O ensino jesuítico era subsidiado pela Coroa (através do chamado padrão de redízima) e colocava a causa católica acima de tudo(5). Os cursos não conferiam diplomas, forçando, assim, uns poucos ricos a concluir seus estudos na Metrópole. Isso fortificava o cordão umbilical da dependência e impedia a formação de uma cultura nacional autônoma(6).






No plano missionário, a tarefa dos “soldados de Cristo” era trazer os “ selvagens” para o mundo cristão, civilizado. Para tanto, os jesuítas agrupavam os índios em missões. Nesses núcleos de vivência (muitos deles abrigando comunidades com mais de mil pessoas), os índios eram obrigados a trabalhar, estudar e rezar. Isso representava uma reviravolta nos seus hábitos, crenças, sentimentos e condutas. Além da mudança desses valores milenares, as populações aldeadas sofriam ataques dos colonos interessados na mão-de-obra indígena. Daí a relação conflituosa jesuítas versus colonos, desencadeando a intervenção da Metrópole, a favor destes últimos.


Por ato de Marquês de Pombal, a Companhia de Jesus foi obrigada a encerrar suas atividades no Brasil. Em conseqüência, os membros da Companhia foram expulsos, seus bens confiscados e os colégios fechados. O ensino jesuítico passa então para a tutela da Coroa, sob o sistema de aulas régias(7, 8, 9).




NOTAS:

“Produto da Contra-reforma, a Companhia de Jesus em momento algum perdeu de vista o combate à Reforma Protestante” (História da Educação, a escola no Brasil, p. 46, Maria Elizabete et alii, Editora FTD, São Paulo, 1994).



“Em 1549, com o primeiro governador geral, chegaram também ao Brasil os primeiros jesuítas, sob a chefia do padre Manuel da Nóbrega. Traziam duas missões claras e definidas pela Contra-Reforma: ampliar a fé católica e recuperar os fiéis perdidos com a divisão do cristianismo. A catequese se propunha à formação de novos católicos; o Deus cristão abriria o caminho da santidade e da salvação dessa gente selvagem, bárbara, incivilizada. Dessa forma, o catolicismo tornou-se um traço cultural marcante da sociedade colonial brasileira” (História do Brasil, p. 45, Clarence José de Matos e César A. Nunes, Editora Nova Cultural, São Paulo, 1994).



“A pedagogia jesuítica consistia em aulas de ler, escrever e contar números, para os filhos dos colonos e para os índios mais avançados (...) Havia orações e missas em latim, com a presença obrigatória não só dos alunos mas também de todos os seus familiares. Pode-se dizer que a Companhia de Jesus foi a instituição responsável pelo único trabalho intelectual realizado durante os séculos XVI e XVII, no Brasil” (Clarence José de Matos e César A. Nunes, op. cit., p. 45).



“Além de gozar de vastos privilégios nos campos missionário e pedagógico, conferidos pela Santa Sé e reconhecidos pelos reis portugueses, a Companhia de Jesus tornou-se também uma das instituições mais opulentas da América portuguesa. Através de doações e de uma cuidadosa administração de seu patrimônio, acumulou imenso cabedal em sesmarias, propriedades urbanas, fazendas de gado, engenhos e escravos africanos” (Dicionário do Brasil Colonial, p. 328, Ronaldo Vainfas/Direção, Guilherme Perreira das Neves (co-autor), Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2000).



“No mais, o Ratio Studiorum, o Plano de Estudos dos jesuítas, reinava absoluto, e o faria por séculos, mesmo após a expulsão de seus criadores (1759) e o desmantelamento do sistema educacional colonial. Esse ensino era subsidiado pela Coroa, através do chamado padrão de redízima, que correspondia a 10% dos impostos cobrados na colônia (...) Não concediam, todavia, diplomas, o que era um privilégio da Metrópole” (Maria Elizabete Xavier et alii, op. cit., p. 48).



“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).



“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).

Ao lado das aulas-régias, continuaram a funcionar os seminários e os colégios das demais ordens religiosas (Saga, A Grande História do Brasil, Vol. 2, p. 198, Abril Cultural, São Paulo, 1981).



“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).




F

CIRANDA DA FÉ





>>IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA LAPA
– Centro de Oração e Catequese
Av. Joana Angélica, 41 - Lapa — FONE: 71-3326-4676

MISSAS: Segunda a sábado: 12h e 18h15, transmitidas pela Rádio Excelsior da Bahia— AM 840



CIRANDA DA FÉ - segunda-feira a sábado, das 17h às 18h - transmitido pela Rádio Excelsior da Bahia—AM 840

TESTEMUNHO VERDADEIRO E ENTREGA DA VIDA


Joana Angélica



Joana Angélica era filha de José Tavares de Almeida e D. Catarina Maria da Silva, tendo nascido em Salvador. Aos 20 anos, em 21 de abril de 1782, entra para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, na capital baiana.

Ali foi escrivã, mestra de noviças, conselheira, vigária e, finalmente, abadessa.

Ocupava a direção do Convento, em fevereiro de 1822, quando a cidade ardia de agitação contra as tropas portuguesas do Brigadeiro Inácio Madeira de Melo - que tinham vindo para Salvador desde o Dia do Fico.

Grande resistência opunham os nativos baianos: no ano anterior (1821) a cidade já tinha sido palco de revoltas. A posse de Madeira de Melo tinha sido obstada, em 18 de fevereiro, mas a superioridade das forças do Brigadeiro impingiram a derrota dos nativos.


Soldados e marinheiros portugueses se embriagam e cometem excessos pela cidade, comemorando e, a pretexto de perseguir eventuais "revoltosos" atacam casas particulares e, continuando a sanha desenfreada pelo dia seguinte, tomam as ruas e dirigem-se ao Convento da Lapa.

Sólida construção colonial, ainda hoje existente na Capital Baiana, o Convento da Lapa compõe-se de uma clausura, cuja principal entrada é guarnecida por um portão de ferro.

Os gritos da soldadesca são ouvidos no interior. Imediatamente a Abadessa, pressentindo certamente objetivos da profanação da castidade de suas internas, ordena que as internas fujam pelo quintal.
O portão é derrubado e, num gesto heróico, Joana Angélica abre a segunda porta, postando-se como último empeço à inusitada invasão.

Conta a tradição, reproduzida por diversos historiadores, que então exclamou:

"Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver."
Abrindo os braços, num gesto comovente, tenta impedir que os invasores passem. É, então, assassinada a golpes de baioneta - penetrando no sagrado recinto, onde encontram apenas o velho capelão, Padre Daniel da Silva Lisboa - a quem espancam a golpes de coronhas, deixando-o como morto.

Joana Angélica tornou-se, assim, a primeira mártir da grande luta que continuaria, até a definitiva libertação da Bahia, no ano seguinte, a 2 de julho, data efetiva da Independência da Bahia.

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