sábado, 26 de março de 2011

Aquele que se afasta da Mãe acaba, mais cedo ou mais tarde, por se distanciar do Filho.

Palavras do Santo Padre João Paulo II
A um grupo de legionários italianos em
30 de outubro de 1982.

1. As minhas boas-vindas são dirigidas a cada um de vós. É um motivo de alegria para mim ver-vos nesta sala em tão grande número, vindos das várias regiões da Itália, tanto mais que sois apenas uma pequena parte do movimento apostólico, que, no espaço de sessenta anos, se espalhou rapidamente pelo mundo e hoje, a dois anos da morte do seu Fundador, Frank Duff, está presente em muitíssimas dioceses da Igreja universal.

Os meus predecessores, a começar por Pio XI, dirigiram palavras de reconhecimento à Legião de Maria, e eu próprio, no dia 10 de maio de 1979, quando recebi uma das vossas primeiras delegações, recordei com grande prazer as ocasiões em que tinha estado com a Legião, em Paris, Bélgica, Polônia e agora, como bispo de Roma, no decurso das minhas visitas pastorais às paróquias da cidade.

Hoje, portanto, ao receber em audiência a peregrinação italiana do vosso movimento, gostaria de realçar aqueles aspectos que constituem a substância da vossa espiritualidade e o vosso modo de ser e de trabalhar dentro da Igreja.

Chamados a ser fermento

2. Sois um movimento de leigos que vos propondes fazer da fé a aspiração da vossa vida, para conseguirdes a santidade pessoal. Sem dúvida que é um ideal sublime e difícil. Mas hoje a Igreja, através do Concílio, chama todos os cristãos leigos a este ideal, convidando-os a participar do sacerdócio real de Cristo, que eles exercem pelo testemunho da santidade de vida, pela abnegação e caridade concreta; a ser no mundo, com o esplendor da fé, esperança e caridade, aquilo que a alma é para o corpo (Lumen Gentium, 10 e 38).

A vossa vocação própria, como leigos, isto é, a vocação a serdes um fermento no Povo de Deus, uma força inspiradora no mundo moderno, a conduzir o sacerdote ao meio do povo, é eminentemente eclesial. O mesmo Concílio Vaticano Segundo exorta todos os leigos a aceitarem com pronta generosidade, o chamamento a uma mais íntima união com o Senhor; considerando como de todos, aquilo que lhes é próprio, participam na mesma missão salvífica da Igreja, tornam-se seus instrumentos vivos, sobretudo onde, por causa das particulares condições da sociedade moderna – o aumento constante da população, a redução do número de sacerdotes, o surgimento de novos problemas, a autono-

mia de muitos setores da vida humana – a Igreja dificilmente pode estar presente e ativa (ibidem, 33).
A área do apostolado dos leigos está nos dias de hoje extraordinariamente dilatada. Por isso, o compromisso da vossa típica vocação torna-se mais urgente, estimulante, vivo e relevante. A vitalidade do laicato cristão é sinal da vitalidade da Igreja. O vosso compromisso legionário torna-se por isso mais urgente, considerando, por um lado, as necessidades da sociedade italiana e das nações de antiga tradição cristã, e, por outro, os brilhantes exemplos que vos precederam no vosso próprio movimento. Quero lembrar-vos apenas alguns nomes: Edel Quinn, com a sua atividade na África negra; Afonso Lambe, nas áreas marginalizadas da América Latina e, finalmente, os milhares de legionários assassinados na Ásia ou que terminaram a vida nos campos de trabalho.

Com o espírito e a solicitude de Maria

3. A vossa espiritualidade é eminentemente mariana, não só porque a Legião se gloria do nome de Maria como sua bandeira desfraldada, mas, acima de tudo, porque baseia a sua espiritualidade e apostolado no princípio dinâmico da união com Maria, na verdade da íntima participação da Virgem Maria no plano da salvação.

Por outras palavras, vós pretendeis servir cada pessoa, imagem de Cristo, com o espírito e solicitude de Maria.

Se o nosso único Mediador é o homem Jesus Cristo, como declara o Concílio, “a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum enfraquece o brilho ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia” (LG 60). Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de Advogada, Auxiliadora, Perpétuo Socorro, Medianeira, Mãe da Igreja.

Daqui vem, que no seu nascimento e crescimento e no seu trabalho apostólico, olha para Aquela que deu Cristo à luz, concebido pela ação do Espírito Santo. Onde está a Mãe, aí está também o Filho. Aquele que se afasta da Mãe acaba, mais cedo ou mais tarde, por se distanciar do Filho. Não é de admirar que hoje, em vários setores da sociedade, notamos uma difundida crise da fé em Deus, precedida de uma queda na devoção à Virgem Mãe.

A vossa Legião faz parte dos movimentos que se sentem pessoalmente comprometidos a propagar ou fazer nascer a fé, mediante a expansão ou o renascimento da devoção a Maria. Deste modo, será sempre capaz de fazer quanto puder para que, pelo amor à Mãe, seja mais conhecido e amado o Filho – caminho, verdade e vida de cada pessoa.

É nesta perspectiva de fé e de amor que vos concedo, de todo o coração a Bênção Apostólica.


sexta-feira, 18 de março de 2011

"Livra-nos, Senhor, de uma morte súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós "na hora de nossa morte" (oração da "Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:


Sermão de São João Maria Vianney sobre o purgatório, retirado do livro "O Espírito do Cura D'Árs".

Sobre o Purgatório

Por que será que eu me encontro de pé hoje nesse púlpito, meus caros irmãos? O que será que eu venho dizer para vocês? Ah! Eu venho em nome do próprio Deus. Eu venho em nome de seus pobres pais, para despertar em vocês aquele amor e gratidão que vocês lhes devem . Eu venho pra refrescar nas suas memórias novamente, toda a ternura e todo o amor que eles deram a vocês enquanto eles ainda estavam sobre essa terra.

Eu venho pra dizer a vocês que eles sofrem no Purgatório, que eles choram e reclamam com urgentes gritos o auxílio de suas orações e boas-obras. Eu os tenho visto gritando das profundezas daquelas chamas que os devoram: -"Digam aos nossos amigos, aos nossos filhos, aos nossos parentes, como é grande o mal que eles estão nos fazendo sofrer. Nós nos atiramos aos seus pés para implorar o auxílio de suas orações! Ah! Diga -lhes que desde que nós fomos separados deles, nós temos estado queimando em chamas!

Oh! Quem poderia permanecer tão indiferente diante dos sofrimentos que estamos enfrentando!" Você vê, meu caro irmão, você escuta aquela terna mãe, aquele pai devotado e todos aqueles parentes que lhe ajudaram e fizeram parte de sua vida? Meus amigos, eles gritam: -"Livrai-nos dessa dor, você pode!" Considerem então meus caros amigos: 1°- A magnitude desses sofrimentos pelos quais passam as almas do purgatório e 2°- os meios dos quais dispomos para mitigar esses sofrimentos: nossas boas obras, nossas orações e acima de tudo, o santo sacrifício da Missa.

Eu não quero parar neste estágio para provar a existência do Purgatório, pois isso seria uma perda de tempo. Espero que nenhum de vocês tenha a menor dúvida a este respeito. A Igreja, à qual Jesus Cristo prometeu a guia do Espírito Santo e a qual, conseqüentemente, não pode se enganar nem nos enganar, ensina-nos sobre o Purgatório de um modo bem claro e positivo. Isto é uma certeza mais que certa, de que lá é um lugar onde as almas dos justos completam a expiação por seus pecados, antes de serem finalmente admitidas na glória do Paraíso, o qual, diga-se de passagem, já está assegurado a elas.

Sim meus caros irmãos, isto é um artigo de Fé: se nós não tivermos feito penitência proporcional à gravidade de nossos pecados, ainda que tenhamos sido absolvidos no Sagrado Tribunal da Confissão, nós seremos obrigados a expiar por eles. Nas Sagradas Escrituras há muitos textos que mostram claramente, que embora nossos pecados possam ser perdoados, Deus ainda impõe-nos a obrigação de sofrer neste mundo duros trabalhos temporais ou no próximo através das chamas do Purgatório.

Veja o que aconteceu com Adão. Porque ele se arrependeu logo depois de ter cometido o pecado original, Deus garantiu a ele que o havia perdoado,mas ainda assim Ele o condenou a passar nove séculos sobre esta terra fazendo penitência. Penitências que ultrapassam qualquer coisa que possamos imaginar:..."maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de sua vida. Ela te produzirá espinhos e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que fostes tirado; porque és pó, e em pó te hás de tornar..."(Gênesis 3.17). Veja novamente: Davi ordenou, contrariando a vontade de Deus, que se fizesse o recenseamento de Israel. Atingido pelo remorso de consciência, ele reconheceu o seu pecado, atirou-se ao chão suplicando ao Senhor que o perdoasse.

Conseqüentemente, Deus tocado pelo seu arrependimento, o perdoou. Mas apesar disso,ele enviou Gad para dizer a Davi que ele teria que escolher entre 3 tipos de punições que Ele havia preparado para Davi reparar pelo seu pecado: a peste,a fome ou a guerra. Davi então respondeu: "Ah! Caia eu nas mãos do Senhor, porque imensa é a sua misericórdia; mas que eu não caia nas mãos do homem..."(ICrônicas 21). Ele escolheu a peste e esta durou apenas 3 dias, mas matou 7 mil pessoas de seu povo.

Se o Senhor não tivesse detido a mão do Anjo que estava estendida sobre Israel, Jerusalém inteira teria ficado despovoada! Davi ao ver todo o mal causado pelo seu pecado, implorou a graça de Deus pedindo que Deus punisse apenas ele mesmo, mas que poupasse o seu povo que era inocente. Vejam também as penitências de Santa Maria Madalena! Quem sabe não sirvam para amolecer um pouco seus corações?

Meus caros irmãos, o que serão então, o número de anos que nós teremos que sofrer no Purgatório, nós que cometemos tantos pecados e que sob o pretexto de já o termos confessado, não fazemos penitências e nem choramos por eles? Quantos anos de sofrimento nos esperam na próxima vida?

Como poderia eu pintar um quadro dos sofrimentos que essas pobres almas suportam, quando os santos padres da Igreja dizem-nos que os tormentos que elas sofrem são comparáveis ao que passou Nosso Senhor Jesus Cristo durante sua dolorosa paixão? Uma coisa é certa, se o menor sofrimento que Nosso Senhor suportou tivesse sido compartilhado por toda a humanidade, todos estariam mortos devido à violência de seus sofrimentos. O fogo do Purgatório é o mesmo que o fogo do Inferno. A diferença entre eles é que o fogo do Purgatório não é eterno.

Oh! Se Deus permitisse que uma daquelas pobres almas que está mergulhada nas chamas, aparecesse agora neste lugar, toda envolvida pelas chamas que a consome e desse ela mesma um recital dos sofrimentos que ela está suportando! Toda essa Igreja, meus caros irmãos, seria sacudida pelo eco de seus gritos e soluços e talvez quem sabe isso amoleceria os seus corações? Esta pobre alma nos diria: - "Como nós sofremos! Ó irmãos, livrai-nos desses tormentos! Ah, se vocês pudessem experimentar o que é viver separado de Deus!... Cruel separação! Queimar no fogo aceso pela justiça de Deus!.. Sofrer dores incompreensíveis para a mente humana!... Ser devorado pelo remorso, sabendo que poderíamos facilmente ter evitado esses tormentos!...

Oh! Meus filhos!- gritam os pais e as mães- como podem vocês nos abandonar nessas horas, nós que tanto os amamos quando estávamos sobre essa terra! Como vocês podem ir dormir tranqüilamente em suas camas, enquanto nós queimamos em uma cama de fogo? Como vocês tem coragem de se entregar aos prazeres e alegrias, enquanto nós sofremos e choramos dia e noite? Vocês herdaram nossos bens, nossas propriedades, vocês se divertem com o fruto de nossos trabalhos, enquanto nós sofremos males tão indescritíveis e por tantos anos!.. E não são capazes de oferecer uma pequena oração em nossa intenção, nem uma simples Missa que tanto ajudaria para nos livrar dessas chamas!... Vocês podem aliviar nosso sofrimento, vocês podem abrir nossas prisões e vocês simplesmente nos abandonam. Oh! Quão cruel são estes sofrimentos!..."

Sim meus irmãos, as pessoas julgam de um modo muito diferente, o que é estar nas chamas do Purgatório por todas essas culpas leves. Se é que é possível chamar de "leve" algo que nos faz suportar punição tão rigorosa! Que espanto seria para o homem, grita o profeta real, se mesmo o mais justo dos homens fosse julgado por Deus sem nenhuma misericórdia! Se Deus achou manchas até no sol e malícia nos anjos, o que será então do homem pecador? E para nós que cometemos tantos pecados mortais e praticamente não fazemos nada para satisfazer a justiça de Deus. Quantos anos de Purgatório!

Meu Deus!-disse Santa Tereza de Ávila- "que alma seria suficientemente pura para entrar diretamente no Céu sem ter que passar pelas chamas da justiça?" Em sua última doença, ela de repente gritou: "Oh Justiça e Poder do meu Deus, quão terrível sois!" Durante sua agonia, Deus permitiu que ela contemplasse por alguns segundos a Sua Santidade, assim como os anjos e os santos do Céu O contemplam.

E isso causou nela um pavor tão grande, que ela se pôs a tremer e ficou agitada de um modo tão extraordinário que as irmãs perguntaram-lhe chorando: -"Ah! Madre, o que está se passando? Certamente que a senhora não teme a morte depois de tantos anos de penitência e lágrimas amargas!" - Não, minhas filhas, eu não temo a morte, muito pelo contrário, eu a desejo porque só assim estarei unida eternamente a Deus. - Oh! Madre, seriam os teus pecados então, que ainda te aterrorizam depois de tantas mortificações? - Sim minhas filhas- respondeu Tereza- eu temo pelos meus pecados, mas temo por algo ainda maior! - Seria então, o julgamento? - Sim, eu temo pela formidável conta que terei que prestar diante de Deus.

Principlamente porque nesse momento seremos julgados pela justiça e não pela misericórdia. Mas tem algo que ainda me faz morrer de terror. As pobres irmãs já estavam profundamente angustiadas. - Madre, seria por acaso o Inferno? -Não -respondeu ela - O inferno, Graças a Deus não é pra mim. Oh! Minhas filhas, é a Santidade de Deus. Meus Deus, tende misericórdia de mim! Minha vida será confrontada face a face com o próprio Cristo! Ai de mim se eu tiver a menor mancha ou falha! Ai de mim, se eu tiver a menor sombra de pecado! - Ai de nós! - gritaram as pobres irmãs - O que será então no dia das nossas mortes?

O que será então de nós, meus caros irmãos? Nós que talvez em todas as nossas penitências e boas obras, talvez nunca tenhamos conseguido satisfazer por um único pecado perdoado no tribunal da Confissão? Ah! Quantos anos e séculos de tormento para nos punir?... Vamos pagar muito caro por todas essas "pequenas falhas" que nós vemos como algo que não tem a menor importância, como aquelas "pequenas mentirinhas" que nós falamos para evitar problemas para nós mesmos, aqueles pequenos escândalos, o desprezo pelas graças que Deus nos concede a cada momento, aquelas pequenas murmurações nas dificuldades que Ele nos envia! Não, meus caros irmãos, nós não teríamos nunca a coragem de cometer o menor pecado, se pudéssemos entender o quanto isto ultraja a Deus e o quão merecemos ser rigorosamente punidos, já ainda nesse mundo.

Meus irmãos, Deus é justo em tudo que Ele faz. Quando Ele recompensa-nos até pela menor boa ação que fazemos, Ele nos dá muito mais do que qualquer um de nós merecemos. Um bom pensamento, uma boa ação, um bom desejo, ou seja, o desejo de fazer uma boa obra, mesmo quando não somos capazes de fazê-la, Ele nunca nos deixa sem uma recompensa. Mas também, quando se trata de uma matéria de punição, isto é feito com o maior rigor e ainda que tenhamos a menor falta seremos enviados para o Purgatório. Isto é verdade absoluta e nós comprovamos isto pela vida dos santos. Muitos deles não chegaram ao Céu, sem antes terem passado pelas chamas do Purgatório.

São Pedro Damião conta-nos que sua irmã permaneceu vários anos no Purgatório porque ela ouviu com prazer certos tipos de músicas. Conta-se também que dois religiosos fizeram um pacto um com o outro, acertando que quem morresse primeiro viria contar ao sobrevivente em que estado ele se encontrava. Deus permitiu que isso acontecesse e quando um deles morreu, apareceu ao seu amigo. Ele contou ao seu amigo que tinha permanecido 15 anos no Purgatório por seu orgulho de sempre querer fazer as coisas a seu modo. Então seu amigo o cumprimentou por ter permanecido lá por tão pouco tempo!

O morto então respondeu: - Eu teria preferido ser queimado vivo por 10 mil anos ininterruptos nessa terra, pois esse sofrimento nem poderia ser comparado com o que eu sofri 15 anos naquelas chamas! Um sacerdote contou a um de seus amigos que Deus o havia condenado a permanecer no Purgatório por vários meses, por ter segurado a execução de uma boa-obra que era Vontade de Deus que fosse feita.

Coitados de nós, meus irmãos! Quantos de nós não temos faltas semelhantes? Quantos de nós recebemos a tarefa de nossos parentes e amigos de mandarmos celebrar Missas e dar esmolas e simplesmente fazemo-nos de esquecidos! Quantos de nós evitamos fazer boas-obras apenas por respeito humano? E todas essas almas presas nas chamas, porque não temos coragem de satisfazer seus desejos! Pobres pais e pobres mães, vocês agora estão sendo sacrificados pela felicidade de seus filhos e parentes! Vocês talvez tenham negligenciado sua própria salvação para construírem suas fortunas. E agora vocês estão sendo traídos pelas boas-obras que vocês deixaram de fazer enquanto ainda estavam vivos! Pobres pais! Quanta cegueira é esquecer de nossa própria salvação!

Você talvez me dirá: -Nossos pais eram pessoas boas e honestas. Eles não fizeram nada de tão grave para merecerem essas chamas! Ah! Se vocês soubesses que eles precisavam de muito menos do que eles fizeram para cair nessas chamas! Vejam o que disse a esse respeito, Alberto, o Grande, um homem cujas virtudes brilharam de modo extraordinário! Ele revelou a um de seus amigos, que Deus o havia levado ao Purgatório por ter se orgulhado de um pensamento sobre seu próprio conhecimento. A coisa mais surpreendente foi que ali haviam verdadeiros santos, muitos que inclusive já tinham sido canonizados pela Igreja e que estavam passando pelas chamas do Purgatório.

São Severino, Arcebispo de Colônia, apareceu a um de seus amigos muito tempo depois de sua morte e disse-lhe que ele havia passado um longo tempo no Purgatório por ter adiado pra de noite, as orações do breviário que ele devia ter recitado pela manhã.

Oh! Quantos anos de Purgatório não passarão aqueles cristãos que não tem o menor escrúpulo em adiar suas orações para uma outra hora, apenas pela desculpa de terem algo mais importante a fazer! Se nós realmente desejássemos a felicidade de possuir a visão beatífica de Deus, nós evitaríamos tanto os pecados mortais como os veniais, uma vez que a separação de Deus constitui-se um tormento tão terrível para essas almas! (FIM)

Do Catecismo da Igreja:

§1022 Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre.

§1007 A morte é o termo da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como o fim normal da vida. Este aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de urgência: a lembrança de nossa mortalidade serve também para recordar-nos de que temos um tempo limitado para realizar nossa vida:

Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à terra donde veio, e o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12,1.7)
§1013 A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado "o único curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não existe "reencarnação" depois da morte.

M.48.6 Morrer em pecado mortal
§
1033 Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".

M.48.15 Preparação para a morte
§
1014 A Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte ("Livra-nos, Senhor, de uma morte súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós "na hora de nossa morte" (oração da "Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:
Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranqüila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?

Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal.
(gentileza Antonio, de Portugal)

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